
O Fantástico deste domingo (21) revelou novos detalhes da investigação sobre o assassinato de Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, morto em uma emboscada em Praia Grande, onde atuava como secretário de Administração desde 2023. Documentos obtidos pelo programa indicam que Ruy estava na mira do PCC.
Com carreira marcada no combate ao crime organizado, Ruy foi responsável pela prisão de Marcola em 1999, liderou investigações dos ataques de 2006 e, em 2019, como delegado-geral, transferiu 22 líderes da facção para presídios federais. Meses depois, prendeu o “Bonde dos 14”. O próprio delegado admitiu ter sido listado como alvo do PCC.

Relatório de 2024, conhecido como “Bate Bola”, detalha planos de atentados ordenados de dentro de presídios, transmitidos por familiares e advogados. O promotor Lincoln Gakiya, também citado como alvo, relatou uma conversa com Ruy:
“Ele me disse: ‘Doutor Lincoln, o senhor está muito bem protegido. Eu, como aposentado, não tenho esse direito’.”
Em entrevistas recentes, Ruy admitia sentir-se vulnerável. Segundo o governo paulista, ele nunca pediu proteção, e a legislação não prevê escolta para policiais aposentados. No dia do crime, não usava carro blindado. Até agora, quatro suspeitos foram presos: Daeshly Oliveira Pires, Luiz Henrique Santos Batista (“Fofão”), Rafael Dias Simões e Willian Marques. Outros três seguem foragidos: Flávio Henrique de Souza, Felipe Avelino da Silva (“Mascherano”) e Luiz Antônio Rodrigues Miranda, acusado de ordenar a busca pela arma. De acordo com o programa, defesas negam envolvimento direto de alguns dos presos.
O secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que a participação do PCC é praticamente certa: “Mesmo que o crime tenha sido cometido por outros atores, dificilmente teria ocorrido sem a anuência da facção.”