
Os trajetos de jatos investigados pela Polícia Federal (PF) coincidem com compromissos do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, conforme informações da colunista Malu Gaspar, do Globo. As aeronaves são administradas pela empresa de táxi aéreo Transportes Aéreos Piracicaba (TAP), utilizada por integrantes do PCC no setor de combustíveis.
O vínculo entre os aviões e Rueda foi mencionado em depoimento pelo piloto Mauro Caputti Mattosinho, que trabalhou até duas semanas atrás para a TAP. Ele declarou à PF, em São Roque (SP), que ouviu de superiores que os jatinhos pertenciam a Rueda.
Rueda não é investigado formalmente e negou qualquer ligação. Segundo ele, trata-se de “denúncias vazias e politizadas”, que são “falsas” e “não irão prosperar”. O dirigente afirmou ainda que suas movimentações financeiras estão à disposição das autoridades.
Mattosinho relatou em uma entrevista que transportou diversas vezes Roberto Augusto Leme Silva, o Beto Louco, e Mohamad Hussein Mourad, o Primo, apontados como líderes do esquema. Ele disse também que funcionários da TAP chamavam as aeronaves de “Ruedinha”.

Segundo o piloto, quatro jatos foram incorporados à frota da empresa, descritos como investimentos de um grupo liderado por Rueda. Um deles é o Gulfstream G200, avaliado em R$ 21 milhões.
Gulfstream G200: viagens a Lisboa e Nova York
Dados do transponder ADS-B do Gulfstream G200, matrícula PS-MRL, mostram que a aeronave esteve em Portugal entre 1º e 5 de julho, durante o Fórum de Lisboa, conhecido como “Gilmarpalooza”. O jato saiu de São Paulo em 30 de junho e retornou após o evento, que ocorreu de 2 a 4 de julho.
Rueda não foi palestrante oficial, mas fontes confirmaram sua presença em Lisboa em encontros paralelos.
Em 9 de maio, o mesmo Gulfstream decolou de Guarulhos para Nova York, onde Rueda participou da Brazilian Week, realizada a partir do dia 12. O avião voltou ao Brasil em 16 de maio, após o encerramento do evento. O site do União registrou a participação de Rueda ao lado do governador Ronaldo Caiado.
Gulfstream G500 e aniversário na Grécia
Outro jato, um Gulfstream G500, também foi relacionado a Rueda. O transponder mostra que a aeronave saiu de Campinas em 31 de julho, passou por Brasília e seguiu para Mykonos, na Grécia, onde o dirigente celebrou seus 50 anos entre 1º e 4 de agosto.
A festa reuniu políticos, entre eles o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, artistas como Xand Avião, além do DJ Black Coffee, e o empresário Fernando Oliveira Lima, dono da plataforma de apostas responsável pelo Fortune Tiger, o “jogo do tigrinho”. Após o evento, o jato seguiu para a Turquia, depois Roma e retornou ao Brasil em 11 de agosto.
Em nota, Rueda negou ter viajado no G500. Disse que fez o trajeto em voo da British Airways e reafirmou: “Já voou em aeronaves particulares em voos fretados por ele ou como convidado. Nessa segunda hipótese, sempre de pessoas idôneas e jamais de qualquer indivíduo envolvido em atividades ilícitas. Nunca participou da compra de nenhuma delas. Nunca foi e não é dono de nenhuma aeronave ou de participação em qualquer uma”.
Conexão com Estocolmo e liderança do União Brasil
Após Mykonos, o Gulfstream G500 passou por Roma e só deixou a cidade em 10 de agosto, um dia após o término de uma conferência ambiental em Estocolmo, ligada ao think tank The Amazon.life. O evento reuniu políticos, empresários e pesquisadores para debater o futuro da Amazônia.
A comitiva do União Brasil foi liderada por Mila de Rueda, irmã de Antonio Rueda, e contou com nomes como Pedro Lucas Fernandes, a senadora Professora Dorinha, Josiel Alcolumbre e Cilene Sabino.