“EUA gastaram muita munição e estão sem saída”, diz especialista sobre sanção à mulher de Moraes

Atualizado em 22 de setembro de 2025 às 15:31
A advogada Viviane Barci de Moraes e o ministro Alexandre de Moraes, seu marido. Foto: Divulgação

Dawisson Belém Lopes, professor de Ciência Política e diretor do Escritório de Governança de Dados Institucionais da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), classificou a inclusão de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, na lista da Lei Magnitsky como uma medida “exageradamente agressiva”.

“Mais do mesmo. A verdade é que os EUA gastaram muita munição de saída – e ficaram sem ter meios de escalonar suavemente o conflito. O que dá para fazer contra o Brasil, daqui por diante, seria exageradamente agressivo, se não autolesivo”, afirmou o especialista.

Ele diz que as medidas adotadas pela Casa Branca desde o início da crise diplomática com o Brasil perderam força e que o governo americano segue tomando decisões do tipo para manter uma postura e passar uma imagem sobre o país.

“Vão aumentar a relação de produtos sob o tarifaço? Volta para eles como inflação. Vão expandir indefinidamente a lista de atingidos pela Magnitsky? Vulgariza o instrumento e tira o impacto prático. Vão promover embargos à indústria farmacêutica brasileira? Além da possibilidade do desvio de rota de comércio, pode gerar retaliação cruzada. Vão mandar marines para a costa do Brasil? Não, isso não vai acontecer”, acrescentou.

Dawisson diz que as sanções americanas, “a esta altura, nem força moral têm” e que o país seguirá “salpicando sanções unilaterais” para “não perder a face”.

Além de Viviane, o governo americano também mirou o Lex Instituto de Estudos Jurídicos, instituição ligada à sua família, na lista da Lei Magnitsky. O objetivo, segundo a Casa Branca, é desmontar a “rede de apoio financeiro” do magistrado.

Os Estados Unidos acusam o ministro de usar o instituto para registrar imóveis e bens materiais para ocultar o patrimônio da família. O magistrado já havia sido alvo em 30 de julho e, na ocasião, Scott Bessent, Secretário do Tesouro dos EUA, afirmou que o objetivo era combater a “campanha opressiva de censura” e a perseguição de opositores políticos no Brasil.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.