EAD ultrapassa ensino presencial e já concentra 50,7% das matrículas no Brasil

Atualizado em 22 de setembro de 2025 às 21:05
Estudantes durante aula em universidade pública no Brasil — Foto: Reprodução.

O Brasil registrou, pela 1ª vez, mais estudantes de graduação a distância do que presenciais. Segundo o Censo do Ensino Superior 2024, do Inep, são 10,22 milhões de matrículas no total, das quais 5,18 milhões (50,75%) em cursos EAD. Mais de 95% desses alunos estudam em faculdades particulares.

A preferência pelo ensino remoto vem desde 2020 entre os ingressantes e se consolidou em 2024: 67% dos novos alunos optaram pelo EAD (3,34 milhões), enquanto 33% escolheram o presencial (1,66 milhão). Nos cursos presenciais, o número de ingressantes encolheu 30% desde 2014, quando havia 2,38 milhões de novas matrículas.

O avanço do EAD, porém, dá sinais de desaceleração. As matrículas cresceram 5,6% entre 2023 e 2024, abaixo dos 13,4% do período anterior. O Inep atribui o ritmo menor ao pós-pandemia e às novas regras do MEC para qualificar e regular a modalidade.

O decreto do governo federal criou a categoria semipresencial, vetou EAD em medicina, direito, odontologia, enfermagem e psicologia, e impôs limites a atividades remotas nas licenciaturas e em outras carreiras da saúde. A pasta argumenta que formações com grande carga prática exigem presença física.

A expansão favoreceu grandes grupos privados e se concentra em quatro estados — Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro — que reúnem 88% das instituições com oferta EAD. Para o Inep, o crescimento ajudou a ampliar o acesso e explicar a marca inédita de mais de 10 milhões de estudantes no ensino superior.

Entidades do setor preveem estabilização, citando evasão elevada e saturação da demanda de adultos acima de 30 anos que buscam flexibilidade. Elas veem no formato semipresencial uma alternativa para manter a expansão com maior qualidade e controle.