
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (22), em Nova York, que está pronto para conversar com Donald Trump sempre que houver disposição do presidente norte-americano. A declaração foi dada em entrevista ao canal PBS, durante sua primeira viagem aos Estados Unidos após o anúncio do tarifaço de 50% imposto por Washington ao Brasil.
“Quando o presidente Trump quiser falar de política, eu converso sobre política”, disse Lula. O presidente brasileiro afirmou que não houve diálogo anterior porque Trump optou por construir uma relação com Jair Bolsonaro, em vez de priorizar os laços institucionais entre os dois países.
Questionado sobre as tarifas, Lula classificou como “inacreditável” a postura da Casa Branca e ressaltou que a medida não é apenas comercial, mas política. Segundo ele, um chefe de Estado precisa manter relações de alto nível com seus pares, independentemente de alinhamento partidário.

Trump justificou as tarifas ao citar o julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, alegando que a decisão buscava encerrar o que chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente. Lula, por sua vez, destacou que Brasil e Estados Unidos são as maiores democracias e economias da América, e que é fundamental manter uma relação respeitosa e equilibrada.
Na ONU, Lula abrirá nesta terça-feira (23) a sessão de discursos de chefes de Estado. A expectativa é que o presidente faça menções indiretas a Trump, defendendo a soberania brasileira e criticando a imposição de tarifas. O pronunciamento também deve abordar democracia, multilateralismo e a necessidade de reforma na ONU.
Outro ponto da fala deve ser a cobrança por maior compromisso internacional com a preservação ambiental e a transição energética. Como anfitrião da COP30, marcada para novembro em Belém, o Brasil buscará ampliar o financiamento climático por parte dos países ricos. Lula também deve reforçar a defesa de um cessar-fogo na guerra da Ucrânia.