O presidente Lula (PT) será o primeiro a discursar no Debate Geral da 80ª Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (23), em Nova York. A tradição, seguida desde 1955, garante ao Brasil a posição de abrir os pronunciamentos entre os 193 países-membros. A fala do petista pode ser acompanhada pelo canal DCM TV, no YouTube.
O debate começará às 10h, com as falas de Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, e Annalena Baerbock, presidente da Assembleia Geral. Em seguida, Lula abriu oficialmente a rodada de discursos, antes do presidente americano Donald Trump, que fala como representante do país-sede.
“Este deveria ser um momento de celebração das Nações Unidas”, disse Lula ao iniciar o discurso. “Hoje, contudo, os ideais que inspiraram sua fundação estão ameaçados como nunca estiveram. O multilateralismo está diante de nova encruzilhada. A autoridade dessa Organização está em xeque”
“Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando regra”, afirmou. A “ingerência em assuntos internos do Brasil é inaceitável”.
Depois, os demais líderes se apresentarão em ordem definida pela ONU, considerando nível de representação, preferências e equilíbrio geográfico.
Neste ano, a Assembleia Geral adota o lema “Melhor juntos: 80 anos e mais pela paz, desenvolvimento e direitos humanos”. O foco está na urgência de cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e revitalizar a cooperação internacional diante de crises globais.
O que Lula defende
No discurso, Lula deve destacar pontos de divergência com a política externa dos Estados Unidos, sem mencionar Trump diretamente. Entre os principais temas previstos estão:
- Multilateralismo, com defesa de uma atuação mais independente da Organização Mundial do Comércio (OMC);
- Crítica às tarifas, contra a estratégia da Casa Branca de impor barreiras comerciais;
- Soberania nacional, com ênfase na defesa das instituições brasileiras, como o Supremo Tribunal Federal (STF);
- Condenação da decisão dos EUA de revogar vistos da Autoridade Palestina, o que impede a participação de seus representantes na Assembleia;
- Mudanças climáticas, com destaque para a COP30, que será realizada em Belém, em novembro.
A fala de Lula ocorre no dia seguinte à nova rodada de sanções do governo Trump a cidadãos brasileiros como reação à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A expectativa é de um discurso que sirva de contraponto às posições do republicano.