
O discurso de Donald Trump na Assembleia Geral da ONU, nesta terça-feira (23), foi cuidadosamente monitorado pela comitiva brasileira, que acompanhou atentamente as palavras do presidente estadunidense. Entre os presentes, estavam o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Foram eles que alertaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o momento em que Trump começou a falar diretamente sobre o Brasil.
O encontro entre os dois presidentes, que inicialmente ocorreu de forma informal nos corredores da ONU, foi mencionado por Trump durante seu discurso. O republicano relatou que os dois se abraçaram e, de forma breve, acordaram que se encontrariam novamente na próxima semana.
“Eu encontrei o líder do Brasil ao entrar aqui, nós nos abraçamos e eu falei para ele: ‘dá para acreditar nisso?’ Não tivemos muito tempo para falar, tivemos 20 segundos, mas concordamos em conversar na semana que vem. Ele parece um homem muito agradável, eu gosto dele. E ele gosta de mim, eu gosto de fazer negócios com pessoas de quem eu gosto. Se eu não gosto da pessoa, não gosto, mas tivemos ali 30 segundos e uma química excelente”, afirmou Trump, destacando o tom amistoso do encontro.
No entanto, as palavras de Trump não se limitaram à saudação. O presidente dos EUA fez questão de ressaltar a questão das tarifas comerciais e suas críticas à postura brasileira.
É rapazeada, é hoje que Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo se ma***: Trump dizendo que gostou do Lula, que eles tiveram uma boa química e que eles vão se encontrar na próxima semana. pic.twitter.com/ASE7FVrM5T
— William De Lucca (@delucca) September 23, 2025
“No passado, o Brasil tarifou nosso país de uma maneira muito injusta e por causa dessas tarifas, temos as tarifas de volta. E como presidente americano eu defendo a soberania e o direito de americanos. O Brasil está indo mal e vai continuar indo mal. Eles só irão bem se trabalharem conosco. Sem a gente, eles vão falhar como outros falharam”, declarou Trump, em tom firme e afirmando que o país só avançará economicamente se estabelecer uma colaboração estreita com os Estados Unidos.
A fala de Trump aconteceu logo após o discurso de Lula, que fez várias críticas indiretas aos Estados Unidos, particularmente no que tange à interferência em processos judiciais do Brasil. Na delegação brasileira, a possibilidade de um encontro com Trump nos corredores da ONU já havia sido cogitada.
Nesse contexto, assessores do presidente Lula afirmaram que ele se prepararia para conversar com Trump da mesma maneira que fez com o presidente argentino Javier Milei durante sua visita à Argentina recentemente. No entanto, a intenção do governo brasileiro é clara: Lula não cederá às pressões dos Estados Unidos, especialmente no que diz respeito ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump, que foi recentemente condenado por tentativa de golpe de Estado.