Paula Lavigne diz que ato contra anistia com Caetano, Chico e Gil foi da sociedade civil

Atualizado em 24 de setembro de 2025 às 10:01
Paula Lavigne. Foto: Bob Wolfenson/UOL

A produtora e empresária Paula Lavigne afirmou que o ato musical realizado no domingo (21), em capitais como Rio de Janeiro e São Paulo, não deve ser classificado como iniciativa da esquerda, mas como manifestação da sociedade civil. Ela foi responsável pela articulação do evento através do coletivo 342 Artes, em parceria com a Mídia Ninja, que mobilizou artistas para reforçar os protestos contra a anistia a golpistas e a PEC da Blindagem. Com informações da Folha.

Segundo Paula, a convocação inicial partiu de movimentos sociais como MST e MTST, mas ganhou proporção quando artistas passaram a chamar o público pelas redes. “Não foi uma manifestação de lado ou de outro, mas uma revolta da sociedade civil organizada”, afirmou. Ela destacou que artistas sempre participaram do debate público, mas, nesse caso, buscaram somar vozes com movimentos populares.

No Rio, a mobilização contou com apresentações de Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Geraldo Azevedo, Djavan, Paulinho da Viola e Ivan Lins, entre outros. Eles entoaram clássicos como “Alegria, Alegria” e “Cálice”. Em São Paulo, Belém e Belo Horizonte, artistas mais jovens, como Marina Sena e Maria Gadú, também marcaram presença. De acordo com levantamento da USP, os atos reuniram cerca de 42 mil pessoas na Avenida Paulista e 41 mil em Copacabana.

Paula também rebateu críticas de bolsonaristas que compararam a anistia de 1979 com a atual proposta no Congresso. Ela esclareceu que Caetano e Gil não foram beneficiados pela medida, mas presos e posteriormente expulsos do país pela ditadura militar, sem julgamento. “É falso dizer que foram anistiados. Foram perseguidos porque eram artistas”, afirmou.

A PEC da Blindagem, já aprovada na Câmara, prevê que investigações contra parlamentares só podem ser abertas com aval secreto do Congresso. O projeto ainda será analisado no Senado, onde enfrenta resistência. Em paralelo, tramita proposta para reduzir penas de condenados por tentativa de golpe, o que poderia beneficiar Jair Bolsonaro, condenado a mais de 27 anos de prisão.

Lavigne reforçou que não tem pretensões eleitorais: “Sou uma soldada da causa artística. Nossa arma é a arte. A mobilização mostrou que sociedade civil e artistas juntos podem levar multidões às ruas em defesa da democracia, contra a anistia e contra a blindagem de parlamentares criminosos”.