
O presidente Lula afirmou que pretende esclarecer ao presidente Donald Trump a situação do Brasil, após um breve encontro com o líder americano durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, nesta terça (23). Ele diz que o republicano “está mal informado” e recebeu “informações equivocadas” sobre o país.
“Além de ter a oportunidade de fazer esse discurso, tive também a satisfação de me encontrar com o presidente Trump. Aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível”, afirmou, em referência tanto ao diálogo com o americano quanto à sua fala na ONU.
O petista também citou a declaração de Trump sobre a “química” entre eles. “Fiquei feliz ao ouvir dele que ‘pintou uma química’ entre nós. Eu, pessoalmente, acredito que 80% de uma boa relação é química e 20% é emoção. Por isso, considero essa sintonia muito importante, e torço para que essa relação dê certo”, prosseguiu.
O comentário foi feito em entrevista à imprensa ao final da viagem a Nova York. Lula afirmou que não há razão para tensões entre os dois países.
“Fiz questão de dizer ao presidente que temos muito o que conversar. E fiquei satisfeito quando ele me disse que é possível sim manter esse diálogo. Quem sabe, em alguns dias, a gente consiga ajustar as palavras e avançar nessa conversa”, acrescentou.
O petista também falou em “restabelecer a harmonia necessária” nas relações bilaterais. “Quando tiver eleição nos EUA, eu não me meto, quando tiver no Brasil, ele não se mete”, disse, defendendo que os dois países mantenham uma postura de respeito mútuo.
O breve encontro ocorreu na terça (23) e, segundo Trump, durou menos de um minuto. Os dois acertaram uma nova conversa para a próxima semana. Para auxiliares de Lula, o gesto foi visto como uma vitória, mas há receio de que o americano utilize o diálogo como forma de pressão política, a exemplo de situações já vividas por líderes europeus.
Este foi o primeiro contato entre os dois desde a eleição do republicano e desde que os EUA impuseram tarifas e sanções contra o Brasil, incluindo medidas que atingiram o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na ONU, Lula aproveitou o discurso de abertura para enviar recados ao governo americano. Na véspera, Trump havia ampliado as sanções ao Brasil, punindo a advogada Viviane Barci, esposa de Moraes, com a Lei Magnitsky e restringindo o visto do ministro Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União, e de outros integrantes do Executivo e do Judiciário.
Diante dos líderes mundiais, Lula criticou as medidas de Washington, afirmando que tarifas e sanções são uma ameaça à soberania brasileira. “O Brasil optou por resistir e defender sua democracia”, declarou.