Fim da amizade: saiba quando Tarcísio e Moraes deixaram de se falar

Atualizado em 25 de setembro de 2025 às 18:23
Tarcísio de Freitas e Alexandre de Moraes. Foto: reprodução

O discurso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), contra o ministro Alexandre de Moraes durante o ato de 7 de Setembro na Avenida Paulista resultou em uma ruptura definitiva na relação entre ambos. Desde que Tarcísio classificou as ações do magistrado do Supremo Tribunal Federal (STF) como “tirania”, os dois não mantiveram qualquer contato, seja pessoalmente ou por telefone.

O afastamento marca uma mudança radical em uma relação que, até então, era próxima, com o governador frequentando a casa do ministro em São Paulo e participando de jantares para discutir diversos assuntos.

Segundo Paulo Cappeli, do Metrópoles, Moraes não escondeu de seus colegas na Suprema Corte a surpresa e a irritação com o conteúdo do discurso do aliado político. O incidente ocorre em um momento delicado para Tarcísio, que vive um dilema político após a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Filiado ao Republicanos, o governador tem sido pressionado pelo Centrão a disputar a Presidência da República em 2026 contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, sua preferência pessoal seria concorrer à reeleição ao governo paulista, considerado um caminho mais “natural” e seguro. Tarcísio afirma que uma eventual candidatura nacional só acontecerá se essa for a vontade expressa de Bolsonaro, seu padrinho político, a quem mantém fidelidade.

Tarcísio em discurso na Avenida Paulista ao lado de Bolsonaro. Foto: reprodução

O presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, em entrevista, elogiou a ideia de uma chapa presidencial encabeçada por Tarcísio com o senador Ciro Nogueira (PP) como vice, mas ressaltou que “a decisão final será de Bolsonaro”.

Enquanto essa disputa política se desenrola, as consequências do embate com o STF começam a surgir. O ministro Alexandre de Moraes determinou na semana passada que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre um pedido de investigação contra Tarcísio de Freitas por obstrução de Justiça.

O pedido, apresentado pelo deputado federal Rui Falcão (PT-SP), alega que o governador articula com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), uma interferência direta no Poder Judiciário.

A acusação central é de que a tramitação do projeto de lei da anistia, “destinado a beneficiar Jair Bolsonaro e outros réus [agora condenados] da trama golpista”, configura uma tentativa de obstrução. Moraes determinou que o processo, que inicialmente tramitava na ação penal do ex-presidente, fosse separado em uma petição autônoma e deu cinco dias para a PGR se pronunciar.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.