
Durante a Assembleia Geral das Nações Unidas nesta sexta-feira (26), o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, principal responsável pelo genocídio de palestinos em Gaza, dirigiu seu discurso diretamente aos reféns israelenses mantidos na Faixa de Gaza. Durante a fala na ONU, ele foi vaiado e líderes mundiais deixaram o salão em protesto contra o massacre.
O premiê afirmou que Tel Aviv cercou o território com alto-falantes e utilizou a inteligência para invadir celulares de palestinos com o objetivo de transmitir sua mensagem. “Eu quero fazer algo que nunca fiz antes. Eu quero falar deste fórum diretamente aos reféns por meio de alto-falantes”, declarou Netanyahu perante o plenário da ONU.
Em seguida, o líder israelense proferiu sua mensagem primeiro em hebraico e depois em inglês: “Bravos heróis, aqui é o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, falando com vocês ao vivo das Nações Unidas. Nós não nos esquecemos de vocês, nem mesmo por um segundo. O povo de Israel está com vocês. Não vamos esmorecer nem descansar até trazermos todos vocês para casa”.
O escritório do premiê detalhou à imprensa israelense que a ação foi uma “instrução a entidades civis, em cooperação com as Forças Armadas, a instalar alto-falantes em caminhões apenas no lado israelense da fronteira de Gaza”, classificando-a como parte de um “esforço de diplomacia pública”. O Exército confirmou a medida, descrevendo-a como uma “campanha de influência”.
As delegações de vários países abandonaram o plenário da ONU no momento em que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu subiu ao pódio para discursar. pic.twitter.com/zREv5WDyNk
— Hoje no Mundo Militar (@hoje_no) September 26, 2025
A iniciativa, no entanto, foi recebida com ceticismo quanto à sua efetividade. O jornal estadunidense The New York Times relatou que, após conversar com diversos moradores de Gaza, não encontrou nenhuma pessoa que tivesse conseguido ouvir o discurso de Netanyahu.
O plano havia sido antecipado pelo jornal israelense Haaretz, que revelou a existência de oposição interna dentro das próprias Forças Armadas devido aos riscos que a operação representava para os soldados envolvidos. De acordo com a mídia local, alto-falantes carregados por caminhões e guindastes foram posicionados em postos do Exército localizados a até 1 km da fronteira, dentro do território israelense.
A estratégia também foi criticada por familiares dos reféns. Viki Cohen, mãe do soldado Nimrod Cohen, sequestrado em 7 de outubro de 2023, manifestou sua oposição na rede social X. “O mundo, cansado de truques, exige, junto com a vasta maioria dos israelenses, o fim da guerra e o retorno de nossos filhos”, escreveu ela.
O grupo “Ima Era” (“Mães Despertas”), que reúne mães de soldados, emitiu uma crítica contundente: “Por quanto tempo você vai explorar nossos filhos para sua campanha pessoal? Eles não são figurantes em seu cenário de guerra. Eles não são acessórios em sua performance megalomaníaca”.