
Jair Bolsonaro foi aconselhado por correligionários do PL a escalar o senador Flávio Bolsonaro para conter a atuação do irmão Eduardo nos Estados Unidos. O ex-presidente avaliou que as declarações do “Zero Três” estariam prejudicando sua situação política e que o deputado estaria “falando demais”, conforme informações da colunista Bela Megale, do Globo.
Inicialmente, Bolsonaro chegou a pedir a um aliado que se encontraria com Eduardo nos EUA que transmitisse o recado de sua insatisfação. O interlocutor, porém, sugeriu que a missão fosse dada a Flávio, que tem autoridade para conversar de forma mais dura com o irmão.
Flávio Bolsonaro já havia alertado Eduardo há poucas semanas sobre sua forma de se comunicar, mas o diálogo não trouxe resultados.
Divergências sobre o caminho político
Eduardo Bolsonaro e seu grupo acreditam que Jair Bolsonaro não tem hoje condições de conduzir o jogo político, por considerarem que ele se tornou uma espécie de “refém” do Centrão e do PL. Nesse contexto, passaram a discutir alternativas além da anistia ampla, como a redução de penas.
Apesar disso, Eduardo rejeita qualquer outro caminho. Ele deixou claro ao líder do PL, Sóstenes Cavalcante, em encontro realizado em Miami na quinta-feira (25), que só aceita a anistia como solução.

Na mesma reunião, Eduardo reforçou seu rompimento com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, recusando qualquer ajuda financeira do partido para suas ações nos Estados Unidos.
O clima de atrito entre Eduardo e Valdemar se intensificou, a ponto de aliados de ambos afirmarem que o deputado se tornou o maior cabo eleitoral de Lula. A tensão, porém, foi contida após um apelo de Jair Bolsonaro, que resultou em uma reconciliação entre os dois.
Mesmo depois da trégua com Valdemar, Eduardo e seus aliados avaliam que não é possível construir um projeto conjunto com o PL e os partidos do Centrão. A estratégia discutida pelo grupo é a formação de uma alternativa na direita em outra legenda, sem vínculos com Costa Neto.