Bastidores: Derrite quer lugar de Tarcísio em SP caso ele dispute a presidência; entenda

Atualizado em 28 de setembro de 2025 às 8:06
Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de SP. Foto: Alesp

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), passou a admitir em conversas reservadas sua disposição de ser candidato a governador caso Tarcísio de Freitas (Republicanos) decida disputar a Presidência da República em 2026. De acordo com duas fontes que conversaram sobre o tema com o secretário, a mudança de posição ocorre após Derrite demonstrar resistência anterior por considerar que tinha uma eleição ao Senado bem encaminhada.

A nova abertura seria motivada pela crença de que teria apoio de Jair Bolsonaro (PL) e conseguiria se viabilizar como o candidato bolsonarista na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. Segundo o Estadão, a assessoria de imprensa de Derrite negou que ele tenha admitido a possibilidade de disputar o governo estadual. “O foco dele é o Senado”, afirmou a nota enviada.

O empecilho para uma candidatura de Derrite ao governo seria o desfalque que causaria na estratégia bolsonarista para o Senado, que já não contará com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), autoexilado nos Estados Unidos e denunciado por coação. A prioridade do grupo de Bolsonaro é eleger o máximo de senadores possível para viabilizar futuros processos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Quando Derrite trocou o PL pelo PP em maio, parlamentares bolsonaristas ficaram incomodados ao interpretarem o evento como um lançamento velado de pré-candidatura do secretário ao governo paulista. O desconforto surgiu porque a movimentação implicaria que Tarcísio seria candidato a presidente, colocando Bolsonaro em segundo plano.

O presidente do PP de São Paulo, Maurício Neves, confirmou o interesse partidário: “A vontade do partido é lançar Derrite a governador, mas isso não depende da gente, depende dele. Com a saída do Eduardo, ele se consolida como senador. É um nome muito forte porque acreditamos que essa eleição será pautada pela segurança pública”.

Neves explicou que é preciso primeiro definir o plano nacional – quem será o candidato a presidente do grupo – para depois resolver o plano estadual. Outros nomes cotados para substituir Tarcísio incluem o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), o vice-governador, Felício Ramuth (PSD), o presidente da Alesp, André do Prado (PL), e o secretário de Governo, Gilberto Kassab.

O partido desistiu do plano de antecipar a saída de Derrite do governo para o final deste ano, embora pela lei eleitoral ele só precise deixar o cargo em abril.

Tarcísio de Freitas e Guilherme Derrite. Foto: Rogério Casimiro/governo do Estado de SP

A ideia inicial era que o secretário reassumisse o mandato como deputado federal para relatar projetos sobre o endurecimento do sistema de justiça criminal. A decisão de mantê-lo no cargo ocorreu após um jantar na segunda-feira, 22, na casa do advogado Fernando José da Costa, ex-secretário de Justiça no governo João Doria.

Convocado por Derrite, o encontro reuniu Tarcísio, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), o comandante-geral da Polícia Militar, José Augusto Coutinho, o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, o secretário-adjunto de Segurança Pública, Osvaldo Nico e o próprio Maurício Neves.

De acordo com a assessoria de Derrite, “o encontro teve como objetivo discutir ações legislativas efetivas para o enfrentamento do crime organizado, da reincidência criminal e da impunidade no Brasil. Todo o grupo acredita que a redução da insegurança acontecerá a partir do trabalho integrado entre todas as esferas, da sociedade civil ao parlamento”.

Motta indicou que pretende pautar em outubro ou novembro uma série de projetos de lei como limitação das audiências de custódia e o fim da progressão de regime para alguns crimes. A ideia original era que Derrite tivesse papel de destaque nessas discussões como deputado, mas, segundo Neves, pesou o fato de que há uma série de entregas previstas para o secretário fazer até o início de 2026, como a distribuição de viaturas e motos e a inauguração de novos batalhões da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.

“Ele não desistiu de deixar o governo para tocar essa discussão na Câmara. Ele acredita que consegue estar como secretário e colaborar com a discussão sobre o tema”, completou a assessoria.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.