“Recuo” de Tarcísio em candidatura à presidência é apenas estratégia para 2026; entenda

Atualizado em 28 de setembro de 2025 às 9:20
Tarcísio de Freitas, governador de SP. Foto: reprodução

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vem adotando uma estratégia clara em conversas recentes com aliados: afirmar categoricamente que será candidato à reeleição no estado e negar qualquer interesse na corrida presidencial até o mês de dezembro. Segundo Lauro Jardim, do jornal O Globo, um aliado próximo do governador explicou que a tática consiste em “submergir” nas negativações para, somente a partir do final do ano, “começar a botar a cabeça para fora com força”.

A revelação ocorre paralelamente a reuniões do governador com pesos-pesados do mercado financeiro na Faria Lima, em São Paulo.

Em entrevista a jornalistas na última quinta-feira (25), Tarcísio já havia deixado clara sua posição pública atual. “Não deu aval nenhum e eu sou candidato à reeleição, não tem nada disso”, afirmou o governador, referindo-se a supostas indicações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para uma candidatura nacional.

Tarcísio reafirmou seu compromisso com a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, argumentando que a reeleição é certa e lhe daria condições necessárias para concluir obras importantes no estado.

A postura cautelosa do governador paulista se dá em um cenário político complexo e fragmentado. O PSD, um dos partidos que integram o centrão, decidiu escolher o governador do Paraná, Ratinho Junior, como seu próprio presidenciável, deixando incerta a formação de uma chapa unificada da oposição. Diante dessa realidade, Tarcísio não descarta a possibilidade de apoiar Ratinho Junior caso Bolsonaro não manifeste apoio a nenhum outro candidato.

Tarcísio de Freitas e Ratinho Júnior. Foto: reprodução

A avaliação interna de Tarcísio é que seu espaço político deve permanecer em São Paulo. Ele considera arriscado depender da família Bolsonaro para viabilizar um projeto nacional e, diante da falta de unidade no campo conservador, prefere concentrar sua estratégia na tentativa de reeleição ao governo paulista.

Aliados apontam que o cálculo eleitoral pesou contra uma eventual candidatura presidencial, já que Tarcísio teria que deixar o cargo em abril de 2026, conforme determina a lei eleitoral. Pessoas próximas também relatam que o governador deseja proteger sua família de uma exposição política nacional em um cenário considerado instável.

Entre os fatores que influenciam a decisão de Tarcísio está a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na articulação das sanções dos Estados Unidos contra o Brasil. Para o governador, esse movimento ajudou a fortalecer o presidente Lula (PT), que conseguiu recuperar popularidade após um período de desgaste.

Tarcísio já havia alertado, em reunião virtual com Eduardo e o golpista Paulo Figueiredo, que o tarifaço traria efeitos negativos para a direita e acabaria empurrando Donald Trump a uma solução pragmática. A previsão, segundo ele, se confirmou, mas não impediu que Eduardo mantivesse ataques ao governador paulista e reafirmasse sua intenção de disputar o Planalto.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.