Siglas que deixarão governo tem 140 cargos no Executivo

Atualizado em 28 de setembro de 2025 às 13:35
Os presidentes de partido Antônio Rueda (União Brasil) e Ciro Nogueira (PP) estão juntos numa federação e querem que seus filiados entreguem cargos na gestão Lula. Foto: Brenno Carvalho/19-8-2025

O União Brasil e o Progressistas (PP), que anunciaram o desembarque do governo Lula, ainda mantêm cerca de 140 filiados em cargos estratégicos da administração federal. Segundo levantamento do O Globo, esses postos estão em órgãos com orçamentos bilionários, como o Dnocs, a Codevasf, a Sudene e a Sudam. A saída dos ministros Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte) deve ser apenas o primeiro passo de uma redistribuição de espaços que já movimenta outras siglas interessadas.

O Dnocs, que administra R$ 1,3 bilhão, segue controlado por indicados do PP e do União. O mesmo ocorre na Sudene, onde Heitor Freire e José Lindoso de Albuquerque Filho, ligados ao União, ocupam diretorias relevantes. Na Codevasf, presidida por Lucas Felipe de Oliveira, apadrinhado por Davi Alcolumbre, o orçamento ultrapassa R$ 2,1 bilhões neste ano. Já a Sudam, responsável pelo Fundo de Desenvolvimento da Amazônia, tem cinco filiados do União em funções de direção e assessoria, com recursos de R$ 830,5 milhões.

De acordo com a resolução aprovada pelo União Brasil, todos os filiados devem pedir exoneração imediata dos cargos de livre nomeação e exoneração. O partido promete abrir processos disciplinares contra quem resistir, podendo chegar à expulsão. Já o PP ainda não definiu o prazo para que seus filiados deixem a máquina pública.

A movimentação abre espaço para que outras legendas do Centrão disputem os cargos. O PT já manifestou interesse em ver Marcelo Freixo, presidente da Embratur, no comando do Turismo, enquanto o PDT tenta emplacar o deputado André Figueiredo (CE). O PSD também demonstrou interesse no posto, reforçando a disputa por espaços em Brasília.

Levantamento de O Globo.

Analistas destacam que a relevância de ministérios diminuiu frente ao poder das emendas parlamentares. Em 2024, o Congresso teve acesso a R$ 53 bilhões em emendas, valor recorde. Para o cientista político Yagoo Moura, da FGV, emendas são hoje o ativo mais cobiçado, já que oferecem retorno eleitoral imediato, ao contrário de ministérios com orçamento engessado.

Com o desembarque oficial, a expectativa é de uma reacomodação na base aliada, em que Lula busca manter maioria no Congresso. No entanto, a pressão de partidos por emendas e cargos estratégicos indica que a disputa política seguirá intensa até as eleições de 2026.