Como conter a euforia dos que se embebedaram com a química do fascista? Por Moisés Mendes

Atualizado em 28 de setembro de 2025 às 22:15
Donald Trump assina documento oficial (Foto: REUTERS/Ken Cedeno)

É quase um transe. Jornalistas, políticos e adivinhos participam da disseminação de notícias e ‘análises’ eufóricas sobre a possibilidade de Lula não só se entender com o maior gângster mundial, mas vencê-lo num duelo de espertezas.

Por ser muito emotivo, admito que me emocionei com colegas que levaram a sério a paixão de Trump por Lula. Alguns jornalistas tiveram reações comoventes. Pois a notícia de hoje é essa:

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, disse em entrevista que o Brasil precisa ser “consertado” para se adequar aos interesses americanos.

Trump quer falar com Lula para consertar o Brasil. Porque, se o Brasil e outras nações não forem consertadas, não haverá como se relacionarem com os Estados Unidos.

Outra notícia do domingo, que também pulveriza no ar a química irresistível do gângster, é essa aqui, um furo assinado por Thiago Suman, que está na capa do DCM:

“A produtora de cinema Bárbara Marques, brasileira residente na Califórnia desde 2018, foi detida no último dia 16 pelo ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos Estados Unidos) durante um procedimento de regularização de documentos em Los Angeles”.

Bárbara e o marido Tucker May em alerta nas redes após ela ser presa pelo ICE

Prenderam Bárbara quando ela achava que iria dar continuidade ao processo de obtenção do greencard, depois de se casar com um americano (o link para a matéria de Suman está no final desse texto).

Esse é o clima às vésperas do encontro Trump-Lula. Lula vai conversar com o chefe do fascismo mundial porque não tem saída. Mas contenham entusiasmos ingênuos, quase estudantis. Consertem suas euforias.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/