A conversa entre Tarcísio e Bolsonaro nesta segunda (29) e o sinal verde a Ratinho Jr.

Atualizado em 29 de setembro de 2025 às 7:57
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Foto: Reprodução

Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai dizer a Jair Bolsonaro (PL), nesta segunda-feira (29), que buscará a reeleição ao governo de São Paulo. O recado, no encontro autorizado por Alexandre de Moraes (STF), recoloca Ratinho Jr (PSD), governador do Paraná, como a “bola da vez” para liderar a direita na disputa presidencial, conforme informações do UOL.

Segundo interlocutores, Tarcísio repetirá “olho no olho” o que tem dito em entrevistas: não trabalha com a hipótese de concorrer ao Planalto. Aliados afirmam que ele sempre sustentou a reeleição e tenta se afastar das discussões sobre sucessão presidencial.

Entre os motivos está a avaliação de que quatro anos são insuficientes para deixar legado, concluir obras e implementar políticas. Há também o risco político de “queimar etapas”, com João Doria citado como exemplo a não ser seguido.

Discurso e prática

Embora fale em reeleição, Tarcísio manteve presença constante em Brasília, participou de eventos da direita e de jantares com presidentes de partidos potenciais aliados. Tornou-se o principal embaixador do perdão aos presos do 8 de Janeiro e se reuniu com Hugo Motta (Republicanos-PB), “presidente da Câmara e quem decide se coloca ou não a proposta em votação”.

No 7 de Setembro, o governador paulista também elevou o tom contra o Supremo Tribunal Federal (STF), pediu “fora, Moraes” e afirmou: “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes”.

Ratinho Jr avança como opção da direita

Com Tarcísio indicando que ficará em SP, Ratinho Jr acelera. Ele viaja pelo país, costura apoios e mantém encontros frequentes com o setor econômico em São Paulo.

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O governador do Paraná, Ratinho Jr (PSD), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

Gilberto Kassab, presidente do PSD, organiza jantares e articula apoios partidários. Ratinho Jr também participa de eventos de aliados. Além disso, o projeto de anistia ganhou fôlego quando o PSD concordou em avalizar a proposta.

Aliados destacam a associação imediata de Ratinho Jr à direita conservadora, a promessa de superar a polarização Lula x Bolsonaro para focar “nos problemas do país” e a vantagem da juventude. O alinhamento com o agronegócio é lembrado, assim como a “boa vontade natural” entre evangélicos — atribuída à imagem do pai, o apresentador Ratinho, visto como “homem de família”.

Há resistências: Luiz Lima (Novo-RJ) pondera que a popularidade de Tarcísio e Romeu Zema tem mais peso por ocorrer em estados plurais, enquanto Ratinho Jr seria “menos testado” fora de um ambiente mais homogêneo e à direita.

Palavra final de Bolsonaro

Parlamentares do PL afirmam que a decisão é de Bolsonaro. Acreditam que o escolhido herdará todo o campo bolsonarista e chegará ao segundo turno para tentar derrotar Lula.

O indulto ao ex-presidente é considerado certo: ninguém teria seu apoio sem se comprometer a anular as condenações do STF. Lembram que Bolsonaro chegou a citar Ratinho Jr antes de ser proibido de dar declarações — e “não há coincidências na política”.