Mancha de lixo no oceano cria “ecossistema” e ameaça fauna marinha; entenda

Atualizado em 29 de setembro de 2025 às 10:22
Lixo plástico coletado pelo sistema de redes criado pelo holandês Boyan Slat, da The Ocean Cleanup. Foto: Divulgação/The Ocean Cleanup

No meio do Oceano Pacífico, entre os Estados Unidos e o Japão, existe uma imensa mancha de lixo com mais de 1,5 milhão de km² — o equivalente a três vezes o território da Bahia coberto por plástico. Com informações do G1.

O acúmulo não é estático: mantém-se no mesmo ponto devido aos giros oceânicos, grandes correntes marítimas em formato de redemoinho que concentram redes de pesca, garrafas e milhões de microplásticos em uma única região.

O que surpreendeu os pesquisadores é que a mancha se transformou em um ecossistema próprio, apelidado de “plastisfera”. Nesse recife artificial, já foram encontrados caranguejos, anêmonas, algas e até microrganismos vivendo e se reproduzindo sobre o plástico. O fenômeno mostra como a vida marinha se adapta, mesmo em meio a resíduos nocivos.

Invisível aos satélites, mas cheia de riscos

Apesar de sua dimensão, a mancha não aparece em imagens de satélite. O plástico é disperso, ocupa menos de 0,02% da superfície da área e se mistura a algas e sedimentos, tornando-se quase invisível do espaço.

O monitoramento só é possível graças a mapas de concentração elaborados a partir de navios e drones. Mas o novo ecossistema também representa perigo: os resíduos funcionam como balsas, capazes de transportar espécies invasoras e micróbios de um continente a outro, ampliando riscos ambientais e sanitários.

Impactos para a fauna e os desafios da remoção

Baleias, tartarugas e peixes confundem os plásticos com alimento, o que muitas vezes causa morte por asfixia. Embora existam iniciativas internacionais para recolher parte do lixo, o desafio é grande: remover os resíduos pode afetar as espécies que já se adaptaram ao recife artificial.

Por isso, especialistas defendem soluções que evitem o problema na origem, como barreiras em rios e sistemas flutuantes próximos à costa, capazes de reter plásticos antes que sejam levados pelas correntes ao alto-mar.