
Pais e mães já se preparam para 2026: escolas particulares devem reajustar as mensalidades em média 9,8%, percentual mais que o dobro da inflação prevista pelo Banco Central para este ano, de 4,83%. O levantamento é do Grupo Rabbit, consultoria especializada em instituições privadas de ensino, que ouviu 308 escolas de todas as regiões do país.
A alta é superior à registrada em anos anteriores, quando os aumentos ficaram em 9,3% (2023) e 9,5% (2024). Segundo Christian Coelho, CEO da consultoria, o cálculo das mensalidades considera três pontos principais: inflação acumulada em 12 meses, investimentos feitos no ano anterior e reajuste salarial de professores e funcionários. “O grande custo das escolas é a manutenção e os investimentos em novas atividades e recursos, como programas bilíngues”, explica.
Os reajustes variam de acordo com cada instituição. No Rio de Janeiro, por exemplo, o Saint John, na Barra da Tijuca, anunciou aumento entre 8,5% e 12,5%, enquanto o Inovar Veiga de Almeida terá correção de 7% a 11%. “Optamos por uma tabela progressiva porque quanto antes tivermos as rematrículas, conseguimos uma melhor margem de negociação com os fornecedores”, disse Tainá Magaldi, diretora financeira da escola.
Em São Paulo, o Colégio Bandeirantes aplicará 11,5% de aumento, justificando que o reajuste reflete o crescimento dos custos do setor e investimentos em tecnologia e infraestrutura. Já a rede Objetivo anunciou altas entre 7,5% e 9,2%, levando em conta dissídio dos professores, insumos e aluguéis. Outras instituições, como o Colégio Franco e o CEL, preveem índices próximos a 10%.

O endividamento também influencia nos reajustes. Segundo o Grupo Rabbit, 70% das escolas estão mais endividadas do que antes da pandemia, quando tiveram redução de alunos e ofereceram descontos. Em algumas instituições, como a rede Progressão, a inadimplência chega a 20%, o que pressiona ainda mais os custos. “Nossa mensalidade sofreu redução de mais 40% desde a pandemia e não conseguimos recuperar”, afirmou Renato Biancardi, diretor da rede.
Apesar da pressão financeira, muitas escolas projetam novos investimentos. O levantamento mostra que 70,5% delas devem apostar em programas bilíngues e projetos socioemocionais, enquanto 52% pretendem melhorar infraestrutura e equipamentos. O economista André Braz, da FGV, lembra que as famílias podem negociar em casos específicos. “Às vezes o aluno tem ótimo rendimento ou há mais de um filho na escola, o que abre espaço para flexibilizar o reajuste”, avalia.