Bebidas adulteradas: PF vai investigar casos de Metanol e ligação com o PCC, diz Lewandowski

Atualizado em 30 de setembro de 2025 às 11:21
Bebidas em bar. Foto: Reprodução

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, informou nesta terça (30) que a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar os casos de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. A medida busca identificar a origem da substância e o possível esquema de distribuição que tem causado intoxicações graves em São Paulo e possivelmente em outros estados.

Segundo Lewandowski, os investigadores vão “verificar a procedência dessa droga e a rede possível de distribuição”. “No momento, as ocorrências estão concentradas no estado de São Paulo, mas tudo indica que há uma distribuição para além do estado”, afirmou.

Pelo menos dez episódios de intoxicação estão sob investigação, com três mortes confirmadas: duas na capital e uma em São Bernardo do Campo. A gravidade do caso levou autoridades estaduais e municipais a organizar uma força-tarefa que apreendeu 117 garrafas sem rótulos ou comprovação de procedência na capital paulista.

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) levantou a suspeita de envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) na adulteração das bebidas. Segundo a entidade, o metanol utilizado pode ser o mesmo importado ilegalmente pela facção para adulterar combustíveis, prática já identificada na Operação Carbono, deflagrada no mês passado.

Na ocasião, postos controlados pela organização criminosa foram flagrados utilizando até 90% de metanol na gasolina e no álcool, quando o limite legal é de 0,5%. Para a associação, o fechamento dessas formuladoras ligadas ao PCC pode ter levado o grupo a destinar parte da substância para falsificadores de bebidas, ampliando o risco de envenenamento da população.

Mariângela Simão, secretária de Vigilância em Saúde, afirmou que não há “indícios concretos” do envolvimento de algum grupo criminoso no caso, mas que autoridades estão “em alerta”. “A investigação dirá se tem conexões com o crime organizado”, disse o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, revelou que, entre agosto e setembro, foram registrados 17 casos suspeitos de intoxicação por metanol no país. Ele destacou que o padrão atual difere do histórico, geralmente restrito a moradores de rua ou tentativas de suicídio, o que reforça a gravidade da situação.

O ministério deve divulgar uma nota técnica com sinais clínicos, orientações de diagnóstico e protocolos de uso do antídoto específico contra o metanol.

As autoridades reforçam que bares, restaurantes e distribuidores verifiquem a origem das bebidas comercializadas. Para os consumidores, a recomendação é clara: não comprar produtos sem rótulo, lacre de segurança e selo fiscal até que as investigações sejam concluídas.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.