Por decreto, Milei autoriza ingresso na Argentina de marines dos EUA

Atualizado em 30 de setembro de 2025 às 20:20
Os marines americanos

O presidente Javier Milei autorizou, por meio de um decreto, a entrada de tropas dos Estados Unidos na Argentina e a saída de forças argentinas para o Chile, a fim de participar de exercícios militares internacionais marcados para outubro e novembro.

A medida reacende críticas porque, segundo a Constituição Nacional, cabe ao Congresso deliberar sobre a presença de tropas estrangeiras no país. O Executivo havia enviado um projeto de lei para votação, mas o decreto acabou substituindo a discussão parlamentar, sob a justificativa de “urgência”, já que os treinamentos têm datas definidas.

Os exercícios previstos

O primeiro será o Exercício Solidaridad, programado entre 6 e 10 de outubro em Puerto Varas (Chile), no qual tropas argentinas participarão de treinamentos para coordenação de respostas a catástrofes naturais, em acordo bilateral firmado em 1997.

De acordo com o decreto, a missão busca “fortalecer os vínculos de integração entre Argentina e Chile, com medidas de transparência e confiança mútua”, além de criar uma maior interoperabilidade em situações de emergência.

O segundo é o Exercício Tridente, que acontecerá de 20 de outubro a 15 de novembro em território argentino, incluindo as bases navais de Mar del Plata, Ushuaia e Puerto Belgrano, além de áreas marítimas e terrestres. Neste caso, o governo autorizou a entrada de tropas norte-americanas para operações conjuntas, manobras navais e treinamentos de assistência humanitária. O decreto também fala em promover uma “integração doutrinária” com a Marinha dos EUA.

Defesa e críticas

Segundo a Casa Rosada, não participar desses exercícios significaria “afetar significativamente o adestramento das forças argentinas” e enfraquecer a cooperação internacional. O governo argumenta que as manobras reforçam tanto os laços militares quanto os vínculos políticos e estratégicos na região.

No entanto, o uso de um DNU para autorizar a presença de tropas estrangeiras levanta questionamentos sobre os limites democráticos da decisão, já que o Congresso foi novamente contornado em um tema sensível de soberania nacional.

O decreto, assinado por Milei e todo seu gabinete, já está em vigor, mas precisará ser analisado pela Comissão Bicameral Permanente do Congresso, que tem dez dias úteis para avaliar sua validade.

Davi Nogueira
Davi tem 25 anos, é editor e repórter do DCM, pesquisador do Datafolha e bacharel em sociologia pela FESPSP, além de guitarrista nas horas vagas.