Com clima de terror em SP, mortes por metanol chegam ao Nordeste; entenda a escalada

Atualizado em 1 de outubro de 2025 às 8:27
Bebida sendo preparada em bar. Foto: Unsplash

A onda de intoxicações por metanol em bebidas adulteradas, inicialmente registrada em São Paulo, chegou ao Nordeste com a confirmação de duas mortes e um caso de perda parcial da visão em Pernambuco. A Secretaria de Saúde estadual informou que os pacientes eram moradores de Lajedo e João Alfredo, no Agreste, e foram atendidos no Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru.

Em São Paulo, o governo já investiga cinco mortes suspeitas e contabiliza 22 ocorrências ligadas à substância. Sete casos foram confirmados por exames laboratoriais. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou a criação de um gabinete de crise, enquanto a Polícia Federal abriu inquérito próprio para apurar a origem e a distribuição do metanol.

A investigação federal considera a possibilidade de ligação da adulteração com o crime organizado. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, mencionou que a substância já foi usada em esquemas de adulteração de combustíveis ligados ao PCC. A apuração busca identificar fornecedores e rotas de distribuição que levaram o solvente ao mercado de bebidas.

Na capital paulista, bares e estabelecimentos foram alvo de operações. O bar Ministrão, nos Jardins, foi interditado após uma cliente perder a visão ao consumir caipirinhas feitas com vodca. O dono também afirmou que adquiriu bebidas de distribuidores de rua, prática que admitiu ser comum. “Bebida quente é difícil comprar. A gente compra diretamente desses caras que vendem na rua, mas são conhecidos”, disse.

Outro bar na Mooca e um local em São Bernardo do Campo também foram fechados. Uma fábrica clandestina em Americana foi alvo de mandados de busca, e dois homens foram presos.

Fachada do bar Ministrão, nos Jardins, em São Paulo. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Com o avanço da crise, clubes tradicionais como Hebraica, Paulistano e Sírio anunciaram a suspensão da venda de bebidas destiladas. Estabelecimentos noturnos têm publicado comunicados destacando a compra de insumos de distribuidores oficiais para tranquilizar frequentadores.

Especialistas do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da Unicamp alertaram para o risco de falta de antídotos. Em casos emergenciais, hospitais chegaram a usar vodca por sonda para retardar os efeitos da intoxicação até o fornecimento de medicamentos específicos.