ONU lista mais de 150 empresas ilegais de Israel na Cisjordânia; veja quais boicotar

Atualizado em 1 de outubro de 2025 às 7:30
Palestino muçulmano atravessa um posto de controle do Exército israelense na Cisjordânia ocupada

Mais de 150 empresas internacionais — entre elas gigantes do setor de turismo e tecnologia como Airbnb, Booking.com, Expedia e Tripadvisor — foram citadas em um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) por manterem operações em colônias israelenses na Cisjordânia ocupada, território cuja ocupação é considerada ilegal pelo direito internacional, embora contestada por Israel.

O documento atualiza pela primeira vez desde 2023 a lista de companhias associadas a essas atividades. Ao todo, foram incluídas 68 novas marcas, elevando o número total para 158 empresas.

A maioria é sediada em Israel, mas há multinacionais de dez outros países, incluindo Alemanha, Canadá, China, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Luxemburgo, Portugal e Reino Unido.

Segundo a ONU, essas empresas atuam em setores como construção civil, mineração, turismo, finanças, segurança e imobiliário, e são consideradas cúmplices de violações de direitos humanos contra palestinos.

“Empresas operando em contextos de conflito têm a responsabilidade de garantir que suas atividades não contribuam para abusos de direitos humanos”, afirmou Ravina Shamdasani, porta-voz do ACNUDH.

Exemplos de atividades denunciadas

As companhias listadas estariam envolvidas em práticas como fornecimento de tratores usados na demolição de casas e propriedades agrícolas palestinas, participação em depósitos de lixo em territórios ocupados, oferta de serviços de hospedagem em áreas controladas por assentamentos ilegais e venda de equipamentos de vigilância usados contra civis.

Sete empresas que figuravam em relatórios anteriores foram retiradas da lista, como a agência britânica Opodo e a espanhola eDreams Odigeo, após indícios de que não estariam mais envolvidas nas atividades que justificaram sua inclusão.

Reações

A alemã Heidelberg Materials AG, fabricante de cimento, contestou sua presença no relatório, alegando não operar mais nos territórios ocupados. Já a Expedia admitiu conectar viajantes a acomodações em “áreas sob disputa”, mas sustentou que os anúncios são identificados de forma clara e cumprem as normas internacionais e sanções.

As demais plataformas citadas, como Airbnb, Booking.com e Tripadvisor, não se pronunciaram até o momento.

O escrutínio internacional sobre empresas que operam nos assentamentos aumentou após a intensificação da guerra em Gaza desde 2023 e a escalada de operações militares e policiais na Cisjordânia, que Israel afirma ter como alvo grupos armados, mas que vêm resultando no genocídio da população palestina.