Efeito Lula: desigualdade e pobreza caem ao menor nível nas metrópoles desde 2012

Atualizado em 2 de outubro de 2025 às 8:13
Contraste entre a favela de Paraisópolis e prédios de alto padrão vizinhos, em São Paulo – Foto: Reprodução

Desigualdade e pobreza registraram em 2024 os menores níveis já medidos nas regiões metropolitanas do Brasil desde 2012. Segundo a 16ª edição do boletim Desigualdade nas Metrópoles, elaborado pelo Observatório das Metrópoles em parceria com a PUCRS Data Social e a RedODSAL, os indicadores melhoraram, mas ainda mostram um cenário de forte contraste social.

Mesmo com a queda, os 10% mais ricos continuam recebendo em média 15,5 vezes mais do que os 40% mais pobres. Em valores, isso significa R$ 10,4 mil per capita para o grupo mais abastado e R$ 670 para os de menor renda. “É um quadro muito ruim em termos de distribuição de renda”, afirma André Salata, coordenador do PUCRS Data Social, ressaltando que, apesar da melhora, a desigualdade ainda persiste em níveis elevados.

O coeficiente de Gini, principal índice usado para medir desigualdade, caiu de 0,550 em 2023 para 0,534 em 2024, a menor marca da série. O número representa queda de 5,5% em relação ao pico de 2021, no auge da pandemia. Salata explica que a redução está ligada principalmente ao aumento da renda do trabalho das camadas mais pobres, impulsionado pela recuperação do emprego e pelo reajuste real do salário mínimo.

Carteira de Trabalho e Previdência Social – Foto: Reprodução

Ainda assim, o patamar segue considerado alto. Marcelo Ribeiro, do Observatório das Metrópoles e professor do IPPUR/UFRJ, lembra que o índice acima de 0,5 reflete grande concentração de renda. “Boa parte da renda se concentra em pequenos grupos da sociedade”, destacou. Para efeito de comparação, países nórdicos têm Gini em torno de 0,25, enquanto nos Estados Unidos o índice gira em torno de 0,40.

A pobreza também recuou nas metrópoles, passando de 23,4% em 2023 para 19,4% em 2024, a primeira vez abaixo de 20% na série histórica. Em termos absolutos, o número caiu para 16,5 milhões de pessoas, o que significa que 9,5 milhões saíram da pobreza desde 2021. A extrema pobreza atingiu 3,3% da população, equivalente a 2,9 milhões de pessoas, próximo da mínima registrada em 2013 e 2014.

O estudo utilizou microdados da Pnad Contínua, do IBGE, com base nas 22 principais áreas metropolitanas do país. As linhas de pobreza e extrema pobreza foram calculadas segundo recomendações do Banco Mundial, fixadas em R$ 692,54 e R$ 217,37 mensais, respectivamente, valores corrigidos pela inflação medida pelo INPC.