Flotilha Global Sumud denuncia que Israel deteve 443 ativistas em alto-mar

Atualizado em 2 de outubro de 2025 às 9:14
Membros da flotilha com ajuda humanitária para Gaza passam perto da ilha de Creta. Foto: Eleftherios Elis/AFP

A Flotilha Global Sumud denunciou que forças navais de Israel interceptaram ilegalmente embarcações em águas internacionais e detiveram mais de 443 voluntários de 47 países que participavam da missão rumo a Gaza.

Segundo a organização, os participantes foram atacados com canhões de água, pulverizados com líquido de esgoto e tiveram suas comunicações bloqueadas antes de serem levados ao navio militar MSC Johannesburg.

De acordo com os advogados da Adalah, que representam os voluntários perante as autoridades israelenses, as informações fornecidas até o momento são mínimas. Eles afirmam não saber se os detidos serão levados a Ashdod, onde podem ser processados sob detenção considerada ilegal.

“Este é um sequestro ilegal, em violação direta ao direito internacional e aos direitos humanos básicos. Interceptar embarcações humanitárias em águas internacionais é um crime de guerra; negar acesso a advogados e ocultar o paradeiro dos detidos agrava esse crime”, disse a organização.

A nota também cobra intervenção imediata da comunidade internacional. “Exigimos que governos, líderes mundiais e instituições internacionais intervenham imediatamente para obter informações sobre os participantes desaparecidos, garantam sua segurança e exijam sua libertação imediata.”

Compromisso da frota e continuidade das ações

A Flotilha Global Sumud afirma que sua missão é romper o bloqueio de Israel sobre Gaza e denunciar o que chama de genocídio contra o povo palestino.

“Nosso compromisso permanece claro: romper o cerco ilegal de Israel e acabar com o genocídio em curso contra o povo palestino. Cada ato de repressão contra nossa frota, cada escalada de violência em Gaza e cada tentativa de suprimir ações de solidariedade apenas fortalecem nossa determinação.”

O navio Mikeno, de bandeira francesa, pode ter entrado em águas territoriais palestinas, mas permanece sem contato. Já o Marinette, de bandeira polonesa, segue conectado via Starlink e mantém comunicação, com seis passageiros a bordo.

Embarcações interceptadas

Entre os navios confirmados como ilegalmente interceptados estão: Free Willy (Polônia), Captain Nikos (Polônia), Florida (Polônia), All In (França), Mohammad Bhar (Holanda), Jeannot (Espanha), Morgana (Itália), Grande Blu (Polônia), Deir Yassine (Argélia), Aurora (Itália), Yulara (Espanha), Alma (Reino Unido), Sirius (Reino Unido), entre outros.

O barco Míkeno, no qual viaja João Aguiar, integrante do Núcleo Palestina do PT e coordenador da delegação brasileira da flotilha, também está sem comunicação. Israel ainda não divulgou a lista de presos, e a embarcação é a única da qual não há notícias até o momento.

Embarcações que perderam contato

Outras embarcações perderam contato e são presumidas como também interceptadas, como: MiaMia (Itália), Vangelis (Polônia), Wahoo (Polônia), Inana (Reino Unido), Maria (Itália), Adagio (Espanha), Amsterdam (Holanda), Ohwayla (Reino Unido), Selvaggia (Itália), Catalina (Alemanha) e Estrella (Espanha).