
Países de diferentes continentes reagiram nesta quinta-feira (2) à interceptação de cerca de 40 barcos da Flotilha Global Sumud, que levava ajuda humanitária para Gaza. A ação militar de Israel deteve centenas de ativistas de mais de 40 países, incluindo brasileiros, e gerou protestos diplomáticos. Com informações do UOL.
O Brasil confirmou que pelo menos dez cidadãos foram detidos, entre eles a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) e o ativista Thiago Ávila.
Em nota, o Itamaraty afirmou: “O governo brasileiro deplora a ação militar do governo de Israel, que viola direitos e põe em risco a integridade física de manifestantes em ação pacífica. No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas”.

Espanha e África do Sul cobram libertação
Na Europa, a Espanha convocou a encarregada de negócios de Israel para prestar esclarecimentos. O ministro de Exteriores, José Manuel Albares, afirmou que vai informar a diplomata Dana Erlich de que os cidadãos detidos “não representavam nenhuma ameaça a Israel nem a ninguém”.
A África do Sul também reagiu, classificando o bloqueio como uma “grave ofensa”. O presidente Cyril Ramaphosa pediu a libertação imediata dos detidos, entre eles Nkosi Zwelivelile Mandela, neto de Nelson Mandela.
“Minha expectativa é de que Israel liberte os ativistas de direitos humanos. Esses raptos não têm propósito no contexto dos esforços para assegurar a paz no Oriente Médio”, afirmou.
Reino Unido, Austrália e Itália criticam situação
O Reino Unido declarou estar “muito preocupado” com a crise. “Os insumos carregados pela flotilha deveriam ser entregues a organizações em terra para serem distribuídos com segurança em Gaza. É responsabilidade do governo de Israel resolver essa crise humanitária terrível”, disse o Ministério das Relações Exteriores.
A Austrália afirmou estar ciente das detenções e pediu respeito ao direito internacional. Em comunicado, disse que quer “certificar-se de que a segurança e o tratamento humano dos envolvidos serão respeitados”.
Na Itália, a primeira-ministra Giorgia Meloni prometeu “fazer o necessário” para trazer os cidadãos de volta, mas criticou a ação dos ativistas. Segundo o chanceler italiano, 22 cidadãos foram detidos, nenhum deles ferido.
Apesar de a maioria das embarcações ter sido interceptada, quatro barcos continuam a caminho de Gaza, segundo monitoramento da flotilha. O Mikeno foi o primeiro a atingir águas palestinas. Além dele, seguem navegando o Marinette, o Shireen e o Summertime-Jong, estes dois últimos conhecidos como “barcos jurídicos”, transportando advogados.
Missão internacional com presença brasileira
A Flotilha Global Sumud, cujo nome significa “resiliência” em árabe, partiu de Barcelona no início de setembro com cerca de 40 barcos e centenas de militantes pró-Palestina. Após uma parada de 10 dias na Tunísia, retomou a viagem em 15 de setembro.
Entre os brasileiros a bordo estão Lucas Gusmão, Mohamed El Kadri, João Aguiar, Mariana Conti (vereadora do PSOL em Campinas), Gabriele Tolotti (presidente estadual do PSOL), além de professores, militantes, pesquisadores e o jornalista Hassan Massoud.
A missão também conta com nomes internacionais como a ativista sueca Greta Thunberg, a eurodeputada franco-palestina Rima Hassan e a ex-prefeita de Barcelona, Ada Colau. Greta já havia participado de outra flotilha interrompida por Israel em anos anteriores.
Segundo os organizadores, o objetivo da viagem é “romper o bloqueio a Gaza” e levar “ajuda humanitária a uma população sitiada, que enfrenta fome e genocídio”. Mais de 400 pessoas já morreram de fome na região desde o início da guerra, a maioria neste ano, após dois meses sem entrada de assistência humanitária.
Already several vessels of the Hamas-Sumud flotilla have been safely stopped and their passengers are being transferred to an Israeli port.
Greta and her friends are safe and healthy. pic.twitter.com/PA1ezier9s— Israel Foreign Ministry (@IsraelMFA) October 1, 2025