
A família do documentarista Miguel Viveiros de Castro denunciou seu desaparecimento após integrantes da flotilha humanitária rumo a Gaza serem sequestrados por militares de Israel. O grupo levava alimentos e remédios à população palestina em meio ao bloqueio israelense, quando foi atacado.
Segundo seus parentes, Miguel mantinha um protocolo rígido de contato, enviando mensagens a cada 10 minutos. A comunicação foi interrompida sem nenhum registro de vídeo ou aviso, como previa o plano em caso de prisão.
Nas listas divulgadas até agora, Miguel aparece como “possivelmente interceptado”. A família contesta o termo, afirmando que não há margem para dúvida: ou ele foi detido ou não. Do total de 15 brasileiros que participavam da missão, 13 foram confirmados como sequestrados.
Miguel e mais um integrante não aparecem. De acordo com os familiares, ele seguia o protocolo de comunicação de forma disciplinada até o instante em que desapareceu. Por isso, o silêncio absoluto desde então é considerado sinal de que ele pode ter sido capturado.
“Não existe possivelmente. Tudo indica que Miguel foi interceptado e levado sem registro público”, afirmam. A família relata estar em contato permanente com o Itamaraty e outras autoridades brasileiras em busca de respostas. Para eles, hipóteses não bastam: é necessária uma confirmação oficial sobre o destino de Miguel.

A ausência de informações amplia o sofrimento de parentes e amigos, que descrevem a situação como “uma forma de tortura psicológica”. O apelo também é direcionado ao governo brasileiro.
Os familiares exigem que o desaparecimento seja reconhecido formalmente e que o país atue em instâncias internacionais. O objetivo é pressionar Israel a esclarecer o que aconteceu, responsabilizar autoridades e garantir a proteção dos cidadãos brasileiros envolvidos na missão humanitária.
Em manifesto, os parentes rejeitam o uso de termos vagos. Para eles, a palavra “possivelmente” relativiza uma situação de sequestro e apaga a gravidade do caso. “Miguel não é número, não é abstração. É um brasileiro desaparecido em meio a uma operação que visava levar ajuda humanitária e acabou sendo alvo de violência”, destacam.
A denúncia cobra uma ação imediata. Para a família, não basta lamentar nem agir apenas nos bastidores. É preciso denunciar em organismos internacionais, exigir clareza e lutar pelo retorno seguro dos brasileiros: “Não aceitaremos a neutralidade cúmplice. Queremos verdade e justiça para Miguel.”