Efeito Trump: número de brasileiros deportados dos EUA bate recorde

Atualizado em 2 de outubro de 2025 às 17:43
Brasileiros deportados dos Estados Unidos durante embarque em avião da FAB. Foto: Divulgação

O número de brasileiros deportados dos Estados Unidos atingiu em 2025 o maior patamar já registrado desde o início da série histórica, em 2020. De acordo com a Polícia Federal, 2.268 pessoas foram enviadas de volta ao Brasil até 1º de outubro deste ano.

O recorde foi alcançado com o voo que desembarcou 110 passageiros na noite de quarta (1º), no Aeroporto Internacional de Confins, em Minas Gerais. O total já supera em 37% o volume registrado em todo o ano de 2024, indicando uma intensificação das medidas de deportação.

Desde janeiro, foram realizados 24 voos com brasileiros deportados, sendo um ainda sob o governo de Joe Biden e outros 23 já durante a gestão de Donald Trump, que assumiu a presidência em 20 de janeiro. A expectativa das autoridades brasileiras é de que mais 12 voos cheguem até dezembro, o que deve ampliar ainda mais o recorde. Até então, o maior número era de 2021, quando 2.188 brasileiros foram deportados.

A escolha de Confins como principal destino desses voos está ligada à logística. O aeroporto mineiro possui estrutura para receber aeronaves de grande porte e conexões que facilitam o deslocamento dos deportados até suas cidades de origem. A região é próxima de municípios com alto índice de emigração, como Governador Valadares, no Vale do Rio Doce.

Brasileiros deportados no aeroporto de Confins (MG). Foto: Reuters

As deportações coletivas por voos fretados começaram em outubro de 2019, durante o primeiro mandato de Donald Trump. Naquele momento, o governo brasileiro voltou a autorizar o pouso dessas aeronaves, algo que não ocorria desde 2006.

De acordo com a legislação americana, estrangeiros podem ser expulsos por entrada irregular, violação de regras migratórias, envolvimento em crimes ou situações classificadas como ameaça à segurança pública. O processo geralmente começa com a prisão do imigrante e segue sob responsabilidade do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE).

Esses procedimentos têm sido criticados por organizações de direitos humanos, que apontam falta de transparência e dificuldades para que deportados em potencial tenham acesso à defesa legal. Para as autoridades dos EUA, no entanto, trata-se de um mecanismo necessário para aplicar a lei migratória.

Segundo reportagem do jornal americano New York Times, o governo Trump ampliou recentemente os poderes dos agentes de imigração, permitindo inclusive a deportação rápida de pessoas que haviam obtido proteção em programas de asilo durante a gestão anterior, do democrata Biden.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.