A ligação de Lula a Motta após Câmara aprovar isenção no IR por unanimidade

Atualizado em 2 de outubro de 2025 às 18:51
Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados, e Lula, do Brasil. Foto: Brenno Carvalho/O Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou para o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), após a aprovação do projeto que concede isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Segundo Bela Megale, do Globo, Motta relatou a interlocutores que o presidente lhe telefonou para agradecer e disse que não se lembrava da última vez em que o Congresso Nacional havia votado, por unanimidade, uma matéria tão importante.

A proposta foi aprovada com votos dos 493 deputados presentes no plenário, incluindo nomes da oposição e aliados de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Agora, o tema será analisado pelo Senado, que já deu sinais ao Palácio do Planalto de que vai examinar a medida com celeridade.

A proposta é uma das principais bandeiras do governo Lula, que apresentou a isenção como promessa da campanha presidencial de 2022. Para ter validade no ano que vem, o projeto precisa ser aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente da República ainda neste ano.

O texto aprovado é o PL 1.087/2025, de autoria do Poder Executivo, com relatoria do deputado Arthur Lira (PP-AL). Ele também estabelece uma redução gradual do imposto para quem recebe entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350, com alíquota decrescente conforme o rendimento aumenta.

Placar na Câmara mostra que não houve nenhum voto contrário ao PL. Foto: reprodução

Para compensar a perda de arrecadação estimada em mais de R$ 25 bilhões por ano, o projeto institui uma alíquota adicional de até 10% sobre rendas extremamente elevadas, calcada em faixa progressiva para rendimentos acima de R$ 600 mil anuais. Essa compensação ficou conhecida popularmente como “taxação dos super-ricos”.

Durante a votação do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, deputados da oposição apresentaram resistência à criação da alíquota adicional para os super-ricos. O grupo tentou alterar o texto para retirar essa taxação, propondo que a compensação da renúncia fiscal fosse feita com cortes no orçamento de áreas sociais, como saúde e educação.

Segundo parlamentares contrários ao governo, a cobrança sobre rendas mais altas poderia desestimular investimentos e gerar fuga de capitais. Eles defenderam que a perda de arrecadação fosse suprida pela redução de gastos públicos, especialmente em programas sociais e repasses a estados e municípios.

A proposta, porém, não avançou, já que a maioria da Câmara rejeitou emendas que mexiam em verbas da saúde e da educação. A base governista destacou que essas áreas são consideradas prioritárias e não poderiam ser sacrificadas em nome de benefícios tributários a contribuintes de maior renda. O Ministério da Fazenda estima que 10 milhões de pessoas poderão ser beneficiadas com a isenção e os descontos.

Com a aprovação na Câmara, o texto segue agora para o Senado. Depois, vai à sanção presidencial. A expectativa é que a lei entre em vigor já em 2026, permitindo que milhões de brasileiros deixem de pagar Imposto de Renda no primeiro ano de vigência.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.