
Os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) elevaram o tom contra aliados em um momento em que a proposta de anistia ampla perdeu força no Congresso e até mesmo a discussão sobre dosimetria das penas deixou de avançar.
Eduardo Bolsonaro (PL) ironizou a falta de união entre partidos próximos ao pai, enquanto Carlos Bolsonaro (PL) fez críticas a governadores de direita que prometeram perdoar judicialmente o ex-chefe do governo em caso de vitória nas eleições presidenciais de 2026.
Em publicação nas redes sociais, o vereador carioca foi direto: “Chega desse papo de ‘eu darei indulto se for eleito’ para enganar inocentes”. Ele lembrou que Jair Bolsonaro, quando estava na Presidência, concedeu graça a Daniel Silveira, mas “mesmo assim foi atropelado pelo sistema”.
O recado foi entendido como uma resposta às declarações recentes de governadores como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União-GO), que sinalizaram a possibilidade de conceder perdão judicial a Bolsonaro caso vençam em 2026.
– Chega desse papo de “eu darei indulto se for eleito” para enganar inocentes. Jair Bolsonaro, quando presidente, já concedeu graça a Daniel Silveira e, mesmo assim, foi atropelado pelo sistema. Hoje, estão destruindo não apenas o ex-parlamentar, mas também milhares de…
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) October 2, 2025
Já o deputado Eduardo Bolsonaro intensificou as críticas em vídeo publicado nas redes sociais. Ele pediu “liberdade para Bolsonaro” e questionou: “O maior líder político da América Latina está preso ilegalmente. Cadê a tal ‘união da direita’?”. O tom mais duro se relaciona a um movimento dentro do campo conservador, que tem mostrado divisões públicas em torno da sucessão dele e da viabilidade de sua candidatura em 2026.
No X, Eduardo escreveu: “A anistia é o mínimo, é a defesa tolerável da democracia. Querer flexibilizar a anistia soa como suavizar a vida de ditadores, que só respeitam o que temem. Sem anistia não haverá eleição em 2026”.
A expressão “união da direita” faz referência a um apelo recente do senador Ciro Nogueira, que pediu maior convergência entre os partidos do campo conservador. Em mensagem publicada na última sexta-feira (26), Nogueira escreveu: “Já está passando de todos os limites a falta de bom senso na direita, digo aqui a centro-direita, a própria direita e seu extremo. Ou nos unificamos ou vamos jogar fora uma eleição ganha outra vez”.
A anistia é o mínimo, é a defesa tolerável da democracia. Querer flexibilizar a anistia soa como suavizar a vida de ditadores, que só respeitam o que temem.
Sem anistia não haverá eleição em 2026.
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) October 2, 2025
Mesmo em prisão domiciliar e inelegível, Bolsonaro ainda não apontou um sucessor político. Os filhos mantêm o discurso de que ele disputará as eleições, mas a movimentação de governadores em torno de uma alternativa tem gerado atritos. Esse cenário tem acentuado a irritação da família com antigos aliados que agora disputam espaço no campo da direita.
Enquanto isso, a proposta de anistia perdeu fôlego no Parlamento após a derrota da PEC da Blindagem. Deputados relatam que não há ambiente para votar o tema e que até a discussão sobre a dosimetria das penas foi paralisada.
O relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) já conversou com líderes partidários, mas não há previsão para votação. Na avaliação de aliados do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a prioridade do momento está em outras pautas, como segurança pública.