“Rico de esquerda”: Ratinho terá que se desculpar por ataques a Chico Buarque, decide Justiça

Atualizado em 3 de outubro de 2025 às 7:22
O cantor Chico Buarque e o apresentador Ratinho. Foto: Reprodução

O apresentador Ratinho foi intimado pela Justiça a provar ou se retratar das acusações feitas contra Chico Buarque, após vincular o cantor a supostos benefícios da Lei Rouanet, conforme informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

A decisão, assinada pelo juiz Victor Agustin Cunha Jaccoud Diz Torres, da 41ª Vara Cível do Rio de Janeiro, também envolve o youtuber Thiago Asmar e a suplente de vereadora Samantha Cavalca, que têm cinco dias para apresentar provas ou se desculpar publicamente.

As falas de Ratinho ocorreram em 15 de setembro, durante seu programa na rádio Massa FM. “Rico de esquerda é fácil. Chico Buarque ser de esquerda é fácil. Bebe champanhe, come caviar. O Caetano Veloso ser de esquerda é fácil, come caviar, mora no Rio de Janeiro, pega dinheiro da Lei Rouanet, aí é fácil”, disse.

As declarações repercutiram após Chico e Caetano participarem de um ato no Rio contra a PEC da Blindagem e contra a anistia aos golpistas condenados do 8 de Janeiro.

Determinação judicial

Na decisão da última quinta-feira (2), o magistrado determinou que os acusados “demonstrem minimamente em juízo a veracidade [do que disseram] – notadamente quanto ao recebimento, pelo autor, de recursos públicos da Lei Rouanet ou das gestões do Partido dos Trabalhadores”.

O juiz alertou ainda: “Tudo sob pena de se configurar crime de desobediência, o que, em tese, justificaria a prisão em flagrante”.

Defesa de Chico Buarque

Chico é representado pelos advogados João Tancredo e Maria Isabel Tancredo, que pedem indenização de R$ 50 mil de cada réu.

Na ação, os defensores afirmam: “Chico jamais recebeu qualquer dinheiro oriundo de verba pública, de qualquer natureza. As premissas que norteiam o vídeo [de Thiago Asmar] são simplesmente falsas, gerando flagrantemente um conteúdo de desinformação e em abuso do direito de livre manifestação. Há que se dizer, não há no ordenamento jurídico pátrio qualquer proteção à mentira ou à propagação de desinformação, pelo contrário. Daí é que o vídeo propagado não se confunde com direito à livre manifestação, pois não existe o direito de mentir – em especial para violar a honra e ferir a reputação de terceiros”.

Reações dos réus

Ratinho e Thiago Asmar não se manifestaram. Já Samantha Cavalca afirmou não ter conhecimento da ação, mas disse estar à disposição da Justiça.

Em resposta, declarou: “O compositor de ‘Cálice’ tá querendo me calar? Típico da esquerda caviar que se diz a favor da democracia e adora censurar quem não pensa como eles. Quero aproveitar a oportunidade pra destacar que Chico Buarque provou que não precisamos regular as redes sociais, já estamos censurados mesmo. Triste fim pra um compositor que tinha no currículo a luta pela liberdade de expressão”.