Hamas aceita proposta de Trump para libertar reféns e cessar-fogo

Atualizado em 3 de outubro de 2025 às 17:43
Militantes do Hamas durante entrega de reféns em janeiro. Foto: Omar al-Qattaa/AFP

O Hamas divulgou, nesta sexta-feira (3), uma carta em que cita o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e afirma aceitar acordo para libertar todos os prisioneiros israelenses, vivos e mortos. A decisão foi publicada em comunicado no canal de notícias do grupo extremista e representa uma significativa evolução nas negociações de paz na região.

O comunicado afirma que “aprecia os esforços” de Trump e de outras lideranças internacionais. “O movimento anuncia seu acordo para libertar todos os prisioneiros israelenses, vivos e mortos, de acordo com a fórmula de troca contida na proposta do presidente Trump, desde que as condições de campo para a troca sejam atendidas”, diz trecho da carta. Esta é a primeira vez que o grupo manifesta aceitação explícita à proposta estadunidense.

O Hamas também estabeleceu condições adicionais para o acordo. “O movimento também renova seu acordo para entregar a administração da Faixa de Gaza a um corpo palestino de independentes (tecnocratas), com base no consenso nacional palestino e no apoio árabe e islâmico”.

O grupo reafirmou seu desejo de participar das discussões sobre o futuro de Gaza: “Elas [leis e resoluções] devem ser discutidas dentro de uma estrutura nacional palestina abrangente. O Hamas fará parte dela e contribuirá com total responsabilidade”.

Donald Trump e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ainda não se manifestaram sobre o anúncio do Hamas.

Benjamin Netanyahu e Donald Trump. Foto: Evan Vucci/AP

O anúncio do Hamas surge horas após Trump estabelecer o prazo de 18h de domingo para o grupo enviar uma resposta formal. O plano do presidente estadunidense prevê o fim do conflito, a libertação dos reféns e o controle da Faixa de Gaza por um conselho internacional do qual os palestinos ficariam afastados.

No início da semana, Trump havia dito que daria “dois ou três dias” para que o Hamas avaliasse a proposta. Mais cedo, o grupo extremista havia solicitado mais prazo, alegando que o movimento “continua em consultas e que precisa de mais tempo”.

O plano de Trump, composto por 20 pontos, também exclui o Hamas de um futuro papel no governo palestino e exige a rendição de militantes. A proposta inclui a libertação de reféns, vivos ou mortos, bem como a criação de um governo transitório para administrar a Faixa de Gaza

Leia na íntegra a carta emitida pelo Hamas: 

Em Nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

Declaração Importante

Sobre a Resposta do Hamas à Proposta do Presidente dos EUA, Trump

Em um esforço para deter a agressão e a guerra de extermínio travadas contra nosso povo fiel na Faixa de Gaza, e com base na responsabilidade nacional e na preocupação com os fundamentos, direitos e interesses supremos de nosso povo, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) realizou consultas aprofundadas dentro de suas instituições de liderança, amplas consultas com forças e facções palestinas e consultas com mediadores e amigos para alcançar uma posição responsável ao lidar com o plano do Presidente dos EUA, Donald Trump.

Após um estudo aprofundado, o movimento tomou sua decisão e apresentou a seguinte resposta aos irmãos mediadores:

O Movimento de Resistência Islâmica, Hamas, aprecia os esforços árabes, islâmicos e internacionais, bem como os esforços do Presidente dos EUA, Donald Trump, que pedem o fim da guerra na Faixa de Gaza, a troca de prisioneiros, a entrada imediata de ajuda humanitária, a rejeição da ocupação da Faixa de Gaza e o deslocamento do nosso povo palestino.

Neste contexto, e a fim de alcançar a cessação das hostilidades e a retirada completa da Faixa de Gaza, o movimento anuncia seu acordo para libertar todos os prisioneiros israelenses, vivos e mortos, de acordo com a fórmula de troca contida na proposta do Presidente Trump, desde que as condições de campo para a troca sejam atendidas. Nesse contexto, o movimento afirma sua prontidão para iniciar imediatamente as negociações por meio dos mediadores para discutir os detalhes deste acordo.

O movimento também renova seu acordo para entregar a administração da Faixa de Gaza a um corpo palestino de independentes (tecnocratas), com base no consenso nacional palestino e no apoio árabe e islâmico.

As demais questões mencionadas no Presidente A proposta de Trump sobre o futuro da Faixa de Gaza e os direitos inerentes do povo palestino está vinculada a uma posição nacional abrangente e baseada em leis e resoluções internacionais relevantes. Elas devem ser discutidas dentro de uma estrutura nacional palestina abrangente. O Hamas fará parte dela e contribuirá com total responsabilidade.

Movimento de Resistência Islâmica – Hamas

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.