
Uma equipe do Itamaraty em Israel realizou uma visita de mais de oito horas à prisão de Ktzi’ot, no deserto de Negev, perto da fronteira com o Egito, onde 13 brasileiros que integravam a Flotilha Global Sumud estão detidos. Segundo membros da chancelaria ouvidos pela Folha, eles estão bem de saúde. O grupo de brasileiros inclui o ativista Thiago Ávila; Mariana Conti, vereadora de Campinas pelo PSOL; Luizianne Lins, deputada federal pelo PT; e a presidente do PSOL no Rio Grande do Sul, Gabi Tolotti.
Ainda de acordo com os diplomatas brasileiros, o governo de Binyamin Netanyahu ofereceu aos cerca de 400 presos que participavam da missão humanitária a possibilidade de assinar um documento que, segundo as autoridades israelenses, facilitaria o processo de deportação.
Oito dos 13 brasileiros teriam se recusado a assinar o documento. Membros do Itamaraty reforçam que os presos podem mudar de ideia e, por isso, esse balanço não é fixo. Até o momento, cinco estariam dispostos a aceitar os termos apresentados.
O procedimento é o mesmo que ocorreu na missão anterior de tentar furar o bloqueio de Israel, em junho. Caso a pessoa não assine, ela passa por um processo judicial de deportação. Membros da chancelaria afirmam que seguirão acompanhando o caso até que todos sejam liberados.
Thiago Ávila, que participou da missão anterior, se recusou a assinar o termo na primeira vez em que foi detido. O ativista ficou cinco dias preso, após ser detido num domingo e liberado numa quinta, quando acabou sendo expulso do país.

A Flotilha divulgou uma lista de 15 nomes de brasileiros que participavam da missão. A diferença se explica porque o fotojornalista Hassan Massoud não foi detido pois estava a bordo do barco Shein, com advogados e membros da imprensa, que não entrou na zona de risco de interceptação. Já Nicolas Calabrese, militante do PSOL, apesar de viver no Brasil há anos, nasceu na Argentina e tem cidadania italiana.
Os brasileiros detidos em Israel, segundo a Flotilha, são:
- Ariadne Telles
- Bruno Gilga
- Gabriele Tolotti
- Hassan Massoud
- João Aguiar
- Lisiane Proença
- Lucas Gusmão
- Luizianne Lins
- Magno Costa
- Mariana Conti
- Mansur Peixoto
- Miguel de Castro
- Nicolas Calabrese
- Mohamad El Kadri
- Thiago Ávila
A Flotilha anunciou nesta sexta que o último barco da iniciativa foi interceptado pelas Forças Armadas israelenses. O veleiro, chamado Marinette, carregava seis tripulantes. Ainda nesta sexta, o Ministério de Relações Exteriores de Israel afirmou em um post no X que já deportou quatro cidadãos italianos.
“O restante está em processo de deportação. Israel está empenhado em concluir esse procedimento o mais rápido possível”, segue o post, acompanhado de uma foto da sueca Greta Thunberg e outros ativistas detidos. “Todos estão em segurança e com boa saúde.”
O ministro de Segurança Interna de Israel, o extremista Itamar Ben-Gvir, visitou o porto de Ashdod na noite de quinta, para onde as Forças Armadas haviam levado os membros da Flotilha antes de transferi-los para a prisão no deserto, e chamou os ativistas de terroristas e de apoiadores de assassinos.
“Terroristas. Olhem para eles. Apoiam assassinos. Aliás, os barcos deles eram uma grande festa. Eles não vieram para ajudar, mas sim pró-Gaza, pró-terroristas”, afirma Ben-Gvir.
Ben-Gvir fez um post em sua conta no X em que afirma que Israel deveria manter os ativistas presos “por alguns meses, para que sintam o cheiro da ala terrorista”. A atual Flotilha saiu de Barcelona, na Espanha, no dia 31 de agosto, com cerca de 45 embarcações e ativistas de mais de 45 países.