
Santa Catarina será o estado proporcionalmente mais favorecido pela nova política de isenção do Imposto de Renda (IR). O projeto, aprovado pela Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (1), isenta salários de até R$ 5 mil e cria uma faixa de desconto para rendimentos de até R$ 7.350. Segundo estimativas, 974 mil catarinenses terão alívio direto no orçamento, o que representa 11,9% da população estadual.
Do total, 700 mil moradores ficarão totalmente isentos, enquanto outros 274 mil terão descontos parciais na contribuição. O levantamento foi realizado pelo portal Poder360, com base em dados da Receita Federal e do IBGE, e mostra que Santa Catarina superou estados mais populosos em termos de impacto proporcional.
O ranking divulgado aponta que, após Santa Catarina, os estados com maior percentual da população beneficiada são Rio Grande do Sul e São Paulo, ambos com 10,9%, seguidos por Paraná (10%) e Mato Grosso (8,5%). Em números absolutos, São Paulo concentra o maior contingente, com mais de 5 milhões de trabalhadores contemplados.
Na prática, a mudança traz efeitos diretos sobre a carga tributária da população de renda média e baixa. Trabalhadores que atualmente arcam com alíquotas efetivas entre 9% e 11% terão isenção total se ganharem até R$ 5 mil, incluindo também o 13º salário.
O benefício, segundo especialistas, pode gerar maior consumo interno e alívio financeiro imediato para famílias. A votação do projeto foi expressiva: 493 deputados votaram a favor e nenhum se manifestou contra.

O texto, relatado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), prevê ainda uma compensação para equilibrar as contas públicas. Contribuintes de alta renda, que recebem mais de R$ 600 mil por ano, passarão a pagar uma alíquota mínima de 10%. Atualmente, esse grupo paga em média 2,5% de IR.
A medida deve atingir cerca de 141 mil pessoas nessa faixa mais elevada de rendimentos. Segundo cálculos do governo, a renúncia fiscal com a nova tabela do IR será de R$ 25,4 bilhões em 2025, equivalente a 10% da arrecadação total do tributo. Essa diferença deverá ser compensada pelo aumento da cobrança sobre os mais ricos.
Outro ponto incluído no texto obriga o Executivo a apresentar, no prazo de até um ano, um projeto com uma política nacional de atualização da tabela do Imposto de Renda. O objetivo é evitar que a defasagem volte a corroer o poder de compra da população de menor renda, como ocorreu nos últimos anos.
Nas redes sociais, o governo federal celebrou a aprovação, afirmando que a medida representa mais dinheiro no bolso do trabalhador formal. Segundo comunicado, a mudança permitirá que “sobre dinheiro para mais comida na mesa” e que a justiça tributária avance no país.