
Depois de quase dois dias sem qualquer contato, a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) recebeu a primeira visita de diplomatas da Embaixada do Brasil em Israel. Foram mais de oito horas de procedimentos relacionados à detenção de cidadãs e cidadãos brasileiros. A visita contou também com a presença de diplomatas de outros países.
Luizianne também recebeu assistência do Centro Jurídico para os Direitos das Minorias Árabes em Israel – Adalah, primeiro centro jurídico administrado por árabes palestinos em Israel.
A diplomacia brasileira fez dois encontros com a delegação brasileira, um com as mulheres, incluindo Luizianne, e outro com todos os homens. Apesar de estarem todos e todas em condições gerais de saúde estáveis, segundo os relatos, no primeiro dia em que foram sequestrados, interrogados e presos, o Governo de Israel não lhes ofereceu comida e água.
Alguns, de acordo com a organização da missão humanitária, começaram a fazer greve de fome para pressionar o governo israelense a darem fim ao massacre do povo palestino de Gaza, que sofre com as explosões, com ferimentos, doenças, fome e sede, em especial crianças.
O grupo participava de uma iniciativa para levar medicamentos e alimentos ao povo palestino e tinha entre seus integrantes a deputada federal Luizianne em Missão oficial pela Câmara, como observadora internacional. As embarcações que transportavam a missão humanitária foram interceptadas pela Marinha israelense em águas internacionais entre a quarta (1°) e a quinta-feira (2).
Os brasileiros detidos em Israel, segundo a Flotilha, são:
- Ariadne Telles
- Bruno Gilga
- Gabriele Tolotti
- Hassan Massoud
- João Aguiar
- Lisiane Proença
- Lucas Gusmão
- Luizianne Lins
- Magno Costa
- Mariana Conti
- Mansur Peixoto
- Miguel de Castro
- Nicolas Calabrese
- Mohamad El Kadri
- Thiago Ávila

Ainda segundo relatos das pessoas sequestradas e presas pelo Governo de Israel, durante a interceptação dos barcos em meio a águas internacionais do Mediterrâneo, os militares israelenses fizeram uma abordagem ostensiva e utilizaram armamento pesado, inclusive no veleiro onde estava a deputada Luizianne, o Grande Blu.
Não houve resistência por parte dos cerca de 500 integrantes da missão, vindos de mais de 40 países. A missão tinha caráter e objetivos totalmente pacíficos.
Ainda de acordo com os relatos de membros do Itamaraty, o governo de Benjamin Netanyahu ofereceu aos cerca de 400 presos que participavam da missão humanitária a possibilidade de assinar um documento que, segundo as autoridades israelenses, facilitaria o processo de deportação.
Oito dos 13 brasileiros teriam se recusado a assinar o documento. Membros do Itamaraty reforçam que os presos podem mudar de ideia e, por isso, esse balanço não é fixo. Até o momento, cinco estariam dispostos a aceitar os termos apresentados.
O procedimento é o mesmo que ocorreu na missão anterior de tentar furar o bloqueio de Israel, em junho. Caso a pessoa não assine, ela passa por um processo judicial de deportação. Membros da chancelaria afirmam que seguirão acompanhando o caso até que todos sejam liberados.
Thiago Ávila, que participou da missão anterior, se recusou a assinar o termo na primeira vez em que foi detido. O ativista ficou cinco dias preso, após ser detido num domingo e liberado numa quinta, quando acabou sendo expulso do país. Na época, ele foi enviado de volta ao Brasil em um voo comercial e desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.