
A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta sexta-feira (3) um dos maiores falsificadores de bebidas em atividade no estado. O homem foi localizado em um galpão na Zona Norte da capital, onde os agentes encontraram verdadeiras “montanhas” de caixas com garrafas de destilados falsificados prontos para distribuição.
O material incluía uísques, vodcas e gins de diversas marcas, além de insumos usados no processo de adulteração. No local, foram apreendidos rótulos, tampas, embalagens e até selos falsificados do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), usados para dar aparência de autenticidade às garrafas.
A investigação aponta que a produção abastecia diferentes regiões do estado, em especial o interior, por meio de uma rede que envolvia outros falsificadores e estabelecimentos comerciais. Adegas, bares e restaurantes estariam entre os principais destinos dos produtos adulterados.
De acordo com o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o esquema funcionava em duas frentes: de um lado, os responsáveis pela preparação e falsificação das garrafas; de outro, os compradores que revendiam a bebida adulterada ao consumidor final.
As mercadorias circulavam em larga escala, o que amplia o risco de intoxicação por consumo de álcool contaminado. A descoberta ocorre em meio ao aumento dos casos de intoxicação por metanol em São Paulo. Até o momento, foram registrados 101 casos suspeitos, sendo 11 confirmados.
O produto químico, usado indevidamente em bebidas clandestinas, pode causar danos irreversíveis como cegueira, falência de órgãos e até morte. Diante do cenário, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) emitiu uma recomendação urgente para bares, restaurantes, hotéis, casas noturnas, distribuidoras e aplicativos de entrega.
Falsificador armazenava "montanhas" de garrafas com bebida adulterada por metanol em galpão pic.twitter.com/rveYEQ2fCv
— 0123 (@GuilhermeA52629) October 4, 2025
A orientação é redobrar a atenção a sinais de adulteração, como lacres tortos, erros nos rótulos e preços abaixo do mercado. O texto também alerta sobre sintomas de intoxicação, como visão turva, náusea e dor de cabeça, que devem ser tratados como emergência médica.
Além da fiscalização, o Procon-SP lançou em seu site um atalho para denúncias de adulteração, permitindo que qualquer consumidor registre suspeitas de forma anônima. A medida integra a força-tarefa do governo paulista para combater o avanço da contaminação.
O objetivo é ampliar o monitoramento e recolher rapidamente lotes suspeitos. Paralelamente, o governador Tarcísio de Freitas determinou que a Secretaria da Fazenda investigue e feche estabelecimentos flagrados comercializando bebidas com metanol.
Parte dessas empresas já teve a Inscrição Estadual suspensa, o que impede a emissão de notas fiscais e, na prática, inviabiliza sua operação. A medida é considerada pedagógica para desestimular outros comerciantes a manterem produtos adulterados em estoque.
As autoridades reforçam que, ao identificar suspeitas de bebidas falsificadas, os estabelecimentos devem interromper imediatamente a venda do lote, isolar os produtos e comunicar a Vigilância Sanitária, Polícia Civil e Ministério da Agricultura. Para os consumidores, a recomendação é desconfiar de preços muito abaixo do mercado e buscar atendimento médico imediato em caso de sintomas após o consumo.