Alvos de operação contra o PCC são donos de mais de 250 postos de combustíveis no país; veja os locais

Atualizado em 4 de outubro de 2025 às 15:48
Bombas de combustíveis interditadas em posto de São Paulo – Foto: Reprodução

Quinze investigados da Operação Carbono Oculto, considerada a maior já feita contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), são sócios em 251 postos de combustíveis espalhados por quatro estados, segundo levantamento do G1. A ação, deflagrada em agosto, teve mais de 350 pessoas e empresas como alvo, suspeitas de participar de um esquema bilionário de lavagem de dinheiro do grupo criminoso. As investigações indicam que esses empreendimentos eram usados para ocultar recursos obtidos com o tráfico e outras atividades ilegais.

A maior parte dos postos (233) está localizada em São Paulo, especialmente na Região Metropolitana e na Baixada Santista. Há ainda 15 em Goiás, dois no Paraná e um em Minas Gerais. Quase metade das unidades (127) opera com bandeira branca, ou seja, sem vínculo com distribuidoras. O restante é ligado a Ipiranga, Rodoil, BR Petrobras e Shell, nenhuma dessas marcas foi alvo da operação. Segundo a ANP, as provas colhidas poderão gerar processos administrativos que resultem na perda de autorização de funcionamento para os estabelecimentos.

A Receita Federal também apura a participação de mais de mil postos em movimentações suspeitas, embora não tenha divulgado a lista. O Ministério Público de São Paulo evitou comentar o caso, alegando sigilo judicial. Para a Abividro, o esquema de lavagem envolvendo o setor de combustíveis reforça a necessidade de logística reversa e controle rigoroso sobre as operações, já que empresas fantasmas e redes de fachada facilitam o esquema de ocultação de bens.

Entre os investigados, estão Pedro Furtado Gouveia Neto, dono de 56 postos e sócio da GGX Global, empresa que seria ligada a Mohamad Hussein Mourad, apontado como o principal articulador financeiro do PCC. Também aparecem Luiz Felipe do Valle Menezes (49 postos), Guilherme da Silva Oliveira e Bruno Sato Alves Pereira (38 cada), além de Ricardo Romano, citado como figura-chave do grupo de Mohamad. Todos negam irregularidades e dizem possuir documentação que comprova a licitude das operações.

Outros nomes da lista incluem Armando Hussein Ali Mourad (15 postos), irmão de Mohamad e apontado como articulador direto do esquema, e Himad Abdallah Mourad (10 postos), primo do suspeito e descrito como um dos operadores do núcleo financeiro do PCC. Há ainda Luciane Gonçalves Brene Motta de Souza, dona de 3 postos, e empresas como Latuj Participações e Door Participações S.A., que, segundo a Justiça, também serviriam para ocultar patrimônio da facção.

Armando Hussein Ali Mourad – Foto: Reprodução

As distribuidoras mencionadas negaram qualquer ligação com o caso. A Ipiranga declarou que “não compactua com práticas ilícitas” e apoia as investigações. A Rodoil afirmou que já havia iniciado o rompimento de contratos com postos suspeitos antes da operação. A Vibra (Petrobras) reforçou que adota “padrões rigorosos de compliance e due diligence”, enquanto a Raízen (Shell) informou que está apurando o caso e tomará medidas cabíveis.

Outro lado

Em resposta ao DCM, a Door Participações S.A enviou uma nota de esclarecimento de sua citação na reportagem. Confira na íntegra: “A Door Participações S.A., controladora da rede de postos Alpha, e Bruno Sato Alves Pereira esclarecem que não possuem nenhum vínculo, participação ou responsabilidade nos fatos investigados pela chamada Operação Carbono Oculto.

A Door Participações reitera que:

•⁠ ⁠Todos os postos que integram a rede operam com licenças, registros e contratos regulares junto às autoridades competentes e às distribuidoras parceiras e passam pelas fiscalizações de praxe;
•⁠ ⁠Coopera integralmente com as autoridades sempre que requisitada e está à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos necessários;
•⁠ ⁠A empresa reafirma seu compromisso com a legalidade, a transparência e as boas práticas de mercado”.