Quatro brasileiros detidos em Israel entram em greve de fome em protesto

Atualizado em 4 de outubro de 2025 às 15:09
Greta Thunberg e o ativista brasileiro Thiago Ávila faziam parte da flotilha. Imagem: Reprodução/Ministério das Relações Exteriores de Israel

Quatro brasileiros detidos por Israel após a interceptação da Global Sumud Flotilla, que tentava levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza, iniciaram uma greve de fome em protesto contra as condições de prisão e a ação do governo israelense. A informação foi confirmada neste sábado (4) por meio de comunicado dos organizadores da missão, que classificam o ato como “forma de resistência não violenta”. Entre os grevistas estão Thiago Ávila, João Aguiar e Bruno Gilga; o nome do quarto participante não foi divulgado. As informações são do colunista Jamil Chade, do UOL.

Segundo o grupo, os brasileiros e dezenas de ativistas estrangeiros foram capturados em águas internacionais e levados para a prisão de Ketziot, no deserto do Negev, uma unidade de segurança máxima conhecida por abrigar presos palestinos. Os detidos afirmam ter sofrido maus-tratos, restrição de alimentação e falta de acesso à água potável e medicamentos. Relatos obtidos por advogados indicam que alguns não receberam comida desde o momento da interceptação.

Em nota, os organizadores da flotilha denunciaram o que chamam de “prisão ilegal e condições degradantes”, além de acusarem Israel de realizar audiências judiciais sem aviso prévio e sem defensores presentes. Segundo os advogados, cerca de 200 audiências ocorreram entre quinta e sexta-feira, em ritmo acelerado e sem transparência. A organização classifica o processo como uma violação grave das garantias legais previstas em convenções internacionais.

Chancelaria israelense divulgou um vídeo do momento da detenção de Greta Thunberg (Foto: Perfil do Ministério das Relações Exteriores de Israel no X/Reprodução)

Os manifestantes alegam que a greve de fome também tem caráter simbólico, servindo como denúncia da fome que atinge Gaza e do uso do alimento como arma de guerra. “É uma forma de protestar contra a desumanização do povo palestino e o bloqueio que impede a chegada de ajuda humanitária”, afirmam. Os ativistas brasileiros e estrangeiros reforçam que sua missão era exclusivamente pacífica e voltada ao envio de suprimentos médicos e alimentares à população civil.

De acordo com os organizadores, advogados de defesa estão na prisão de Ketziot tentando garantir contato consular e jurídico com os detidos. Um avião turco, coordenado pela Embaixada da Turquia em Tel Aviv, já transportou 137 participantes da flotilha de diferentes nacionalidades para seus países de origem — entre eles, cidadãos da Itália, Estados Unidos, Reino Unido, Jordânia e Malásia. Nenhum brasileiro, porém, foi deportado até o momento, o que aumenta a preocupação das famílias e das entidades de direitos humanos.

A ausência de informações oficiais sobre o processo de deportação e as condições de detenção tem sido vista como uma estratégia de opacidade por parte do governo israelense, segundo os advogados e representantes da missão. “A falta de transparência é usada para dificultar a atuação das equipes legais e impedir o acompanhamento da sociedade civil”, afirmaram em nota.