Lula reage, obtém vitórias no Congresso e volta a ter alta na aprovação; saiba mais

Atualizado em 5 de outubro de 2025 às 9:23
Lula discursando na ONU. Foto; Divulgação

A poucos meses de completar três anos de mandato, o presidente Lula conseguiu reverter um período de desgaste político e reposicionar sua gestão em terreno mais estável. Nos últimos 90 dias, o ambiente no Palácio do Planalto mudou de tensão constante para uma fase de otimismo entre aliados.

Pesquisas recentes indicam melhora consistente nos índices de aprovação, e interlocutores já tratam uma reeleição em 2026 como uma hipótese concreta. Segundo levantamento da Quaest, a aprovação de Lula passou de 40% em junho para 46% em setembro, impulsionada por vitórias no Congresso e pela retomada de uma agenda social mais visível.

Um assessor próximo ao presidente resumiu o momento político afirmando que “Lula sentiu o cheiro de sangue e foi pra cima”, em referência à guinada estratégica do governo após meses de atrito com o centrão e pressões internacionais.

No fim de junho, o clima era o oposto. O governo enfrentava a crise do IOF, ministros eram ameaçados de substituição e líderes do centrão cogitavam uma ruptura.

A base parlamentar estava fragmentada, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, era apelidado de “Taxad” por adversários, devido à resistência do Congresso em apoiar sua política tributária. Parlamentares comparavam o ambiente a um “clima de 2015”, evocando o período que antecedeu o impeachment de Dilma Rousseff.

A virada começou quando Lula decidiu entrar pessoalmente nas negociações políticas. O presidente aproximou-se de líderes do centrão, reorganizou a base aliada e manteve interlocução direta com Arthur Lira (PP-AL) e Elmar Nascimento (União Brasil).

Presidente Lula e o deputado Arthur Lira. Foto: Divulgação

O resultado foi o esvaziamento de uma possível debandada e o congelamento das tratativas que poderiam levar ministérios ao União e ao Progressistas. Ao mesmo tempo, Lula enfrentou as pressões do governo Trump, que havia elevado tarifas contra produtos brasileiros em agosto, e usou o episódio para reforçar o discurso de soberania nacional.

As vitórias políticas vieram em sequência. Em setembro, o Congresso aprovou a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, uma das promessas centrais da campanha de 2022.

O governo também lançou dois programas de forte apelo popular: o Gás do Povo, que amplia o subsídio para famílias de baixa renda, e o desconto na conta de luz para consumidores vulneráveis. Essas medidas consolidaram o discurso de “justiça social” que o Planalto tenta projetar como marca do Lula 3.

A comunicação digital teve papel decisivo nessa mudança de cenário. A Secom intensificou o uso de redes sociais com o que aliados chamam de “ofensiva BBB”, uma estratégia que combina linguagem popular, memes e vídeos curtos para disputar espaço com a direita nas plataformas digitais.

Segundo um integrante do governo, foi “a primeira vez que o Planalto reagiu de forma coordenada, sem se deixar encurralar pelas críticas do Congresso ou da imprensa”. O conflito com os EUA também foi explorado politicamente. Quando Eduardo Bolsonaro admitiu ter influenciado a decisão de Trump sobre o tarifaço, Lula endureceu o tom em defesa do STF e da soberania brasileira.

A tensão durou até o fim de setembro, quando o presidente norte-americano sinalizou uma reaproximação diplomática. Duas semanas depois, Eduardo estava isolado nos EUA, e o Planalto comemorava a aprovação do pacote social no Congresso, uma sequência de vitórias políticas e simbólicas que reforçou o controle de Lula sobre sua base.

“É outro país em 90 dias. E isso se deve muito ao posicionamento do Lula: ele sentiu o cheiro de sangue e foi pra cima. Igual quando o Congresso, antes, sentiu também e achou que ia derrubar o governo”, resume um aliado do presidente, sob anonimato.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.