
O cenário político para 2026 começa a ganhar forma, e dentro da direita, a indefinição sobre quem representará o grupo na disputa pelo Palácio do Planalto expõe divisões entre o Centrão e o entorno de Jair Bolsonaro. O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, afirmou que o ex-presidente avalia dois nomes como sucessores naturais: Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e Ratinho Jr., governador do Paraná.
Segundo Ciro, Bolsonaro deve anunciar sua escolha até janeiro, o que pode redefinir o xadrez eleitoral do campo conservador. Apesar do favoritismo de Tarcísio, há preocupação entre aliados com o ritmo das articulações. O governador paulista mantém o discurso de que buscará a reeleição, o que tem provocado impasse nas conversas do Centrão.
O grupo teme que uma decisão tardia repita o cenário de 2018, quando o PT demorou a confirmar Fernando Haddad após a inelegibilidade de Lula. “Acredito que Bolsonaro já decidiu. Só ele, Flávio ou Michelle poderiam confirmar. Mas o tempo é crucial”, avaliou Ciro Nogueira em entrevista ao jornal ‘O Globo’.
Enquanto Tarcísio evita assumir publicamente o papel de candidato, Ratinho Jr. tem se movimentado com maior intensidade. O governador do Paraná ampliou o diálogo com partidos do centro, especialmente PSD, PP e União Brasil.
Um jantar com líderes dessas legendas, revelado pela ‘Folha de S.Paulo’, reforçou seu nome como alternativa viável a Tarcísio. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, apareceu ao lado de Ratinho em evento da Associação Comercial de São Paulo, gesto interpretado como sinal de apoio.
Ratinho Jr. busca se apresentar como um nome moderado dentro da direita. Ele mantém relação institucional com o governo Lula e evita embates diretos com o Supremo Tribunal Federal. Recentemente, adotou uma postura conciliadora ao comentar o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
“O Congresso faz uma análise política. O momento agora é de pacificação do país”, disse. Essa moderação tem atraído setores do centro político que resistem ao bolsonarismo mais radical.

O PL, no entanto, mantém o discurso de que não existe outro nome para a Presidência além de Jair Bolsonaro. A direção do partido afirma não acreditar em uma candidatura substituta, apesar da inelegibilidade do ex-presidente até 2030.
Essa posição irrita líderes do Centrão, que consideram urgente o lançamento de uma candidatura competitiva. A indefinição também trava articulações estaduais, especialmente em São Paulo, onde o futuro de Tarcísio interfere diretamente em alianças municipais.
A família Bolsonaro também está no centro das discussões. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já sinalizou disposição para concorrer ao Planalto, caso o pai não possa. “Estou maduro o suficiente para isso. Só não serei candidato se meu pai for”, disse o deputado ao SBT.
A possibilidade divide o campo conservador, que teme o desgaste da imagem da família após as condenações no STF. Outros nomes circulam entre os aliados de Bolsonaro, como o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que tem ganhado destaque nas agendas do PL.
Em discurso recente, Michelle afirmou que preferiria ser “primeira-dama”, mas não descartou concorrer, se necessário. A senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura, também é citada como alternativa com perfil técnico e boa aceitação no agronegócio.
Enquanto isso, outros partidos começam a se posicionar. O União Brasil declarou apoio ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado, enquanto o Novo confirmou a pré-candidatura de Romeu Zema, de Minas Gerais. Ambos tentam ocupar o espaço do eleitorado de centro-direita que se distancia do bolsonarismo.