Brasileiro professor de Harvard é afastado após disparos próximos a sinagoga

Atualizado em 5 de outubro de 2025 às 12:43
O advogado e professor Carlos Portugal Gouvêa. Foto: Divulgação

Um brasileiro professor visitante da Faculdade de Direito de Harvard foi colocado em licença administrativa após supostamente disparar uma arma de pressão nas proximidades de uma sinagoga em Brookline, subúrbio de Boston, na véspera de Yom Kippur.

Carlos Portugal Gouvea, de 43 anos, foi preso na noite de quarta-feira depois que a polícia informou que ele realizou dois disparos próximos ao Templo Beth Zion, na Beacon Street. Segundo o portal Brookline News, o professor alegou estar “caçando ratos”.

As autoridades afirmaram não haver indícios de que Gouvea tenha mirado na sinagoga. Mesmo assim, ele foi acusado no Tribunal Distrital de Brookline por disparo ilegal de arma de pressão, conduta desordeira, perturbação da ordem pública e dano malicioso à propriedade.

De acordo com o porta-voz de Harvard, Jeff Neal, “o professor foi colocado em licença administrativa enquanto a instituição busca entender melhor o ocorrido”. A suspensão foi noticiada inicialmente pelo jornal estudantil The Harvard Crimson. Até o momento, a universidade não anunciou outras medidas disciplinares.

Gouvea possui sólida formação na Faculdade de Direito de Harvard e Yale, com livre-docência em Direito Comercial pela USP. Especialista em Governança Corporativa, Contratos e Direito Empresarial, ele combina experiência acadêmica com atuação em temas socioambientais.

Carlos Portugal Gouvea em evento no Brasil sobre legislação trabalhista. Foto: Divulgação/ CNA

Atualmente, preside o IDGlobal, centro de estudos voltado a questões de sustentabilidade, e integra o Fórum Nacional das Ações Coletivas do CNJ. Sua trajetória é marcada por pesquisas sobre ética corporativa e responsabilidade social, consolidando reputação de referência no meio jurídico e acadêmico. Em razão de sua atuação profissional, o ocorrido gerou estranheza no meio acadêmico.

O incidente mobilizou mais de uma dezena de policiais, no momento em que fiéis se reuniam para as celebrações do início de Yom Kippur, o dia mais sagrado do calendário judaico.

Dois seguranças particulares que atuavam na sinagoga relataram ter ouvido “dois estampidos fortes” e visto Gouvea segurando a carabina. Eles se aproximaram e, segundo o relato policial, houve uma breve luta corporal antes de o professor fugir para sua residência próxima. Ele foi detido minutos depois, ao sair do local, e acabou algemado e preso.

Os agentes encontraram o vidro de um carro estilhaçado e um chumbinho alojado no interior do veículo, conforme o boletim policial.
Gouvea foi formalmente acusado na quinta-feira e declarou-se inocente de todas as acusações. Ele foi liberado mediante reconhecimento pessoal e deverá retornar ao tribunal no início de novembro.

A polícia reiterou que não há indícios de que a sinagoga tenha sido alvo intencional.