Michelle e Carlos Bolsonaro entram em conflito por vaga ao Senado em SC; entenda

Atualizado em 6 de outubro de 2025 às 10:02
Carlos e Michelle Bolsonaro em ato na Avenida Paulista, em São Paulo, pela anistia aos presos do 8/1. Foto: Reprodução

A decisão sobre quem disputará uma vaga ao Senado por Santa Catarina em 2026 abriu uma nova divergência dentro do clã Bolsonaro. O vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL), foi escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para concorrer ao cargo, contrariando a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que defendia a candidatura da deputada Caroline de Toni (PL-SC), conforme informações do Globo.

A escolha de Carlos é vista como um movimento estratégico para garantir sua atuação em Brasília, enquanto De Toni, apoiada por Michelle, era considerada favorita dentro do partido. Filiada ao PL desde 2018, a deputada tem a simpatia da ex-primeira-dama, que é presidente do PL Mulher e tem cobrado mais candidaturas femininas ao Senado.

Michelle já manifestou ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e ao próprio Jair Bolsonaro o descontentamento com a falta de mulheres no páreo. “A Carol é querida pela Michelle e por todos nós, mas o Esperidião Amin também quer a vaga e o Bolsonaro já bateu o martelo que o Carlos vem por Santa Catarina”, afirmou Valdemar.

Impasse interno

Embora Santa Catarina eleja dois senadores em 2026, a segunda vaga deve ficar com Esperidião Amin (PP), aliado de Bolsonaro e apoiado pelo governador Jorginho Mello (PL). Amin é visto como um nome capaz de ampliar o eleitorado bolsonarista no estado e garantir palanques regionais.

Para Jair Bolsonaro, a formação da chapa é prioridade, já que ele pretende fortalecer a base da direita no Senado para sustentar projetos e pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF). O impasse, no entanto, ocorre porque Michelle insiste em ver Caroline de Toni como candidata ao Senado, enquanto o ex-presidente já confirmou a escolha de Carlos.

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A deputada Caroline de Toni (PL-SC). Foto: Reprodução

Tentativas de acomodação

No PL, discute-se uma forma de manter Caroline em destaque sem repeti-la na Câmara. A deputada presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e chegou a abrir mão da liderança da minoria para favorecer Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que cumpre mandato à distância, dos Estados Unidos — manobra barrada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Valdemar Costa Neto sugeriu uma alternativa: “Estamos vendo o que fazemos, cogitamos pedir para que o Jorginho Mello a coloque de vice”, disse o dirigente.

Insatisfação de Michelle Bolsonaro

Aliados próximos relatam que Michelle se queixou por não ter sido ouvida sobre a definição das candidaturas em Santa Catarina, considerado reduto da direita. À frente do PL Mulher, ela é responsável por atrair filiadas e formar a nominata feminina do partido, mas teria lamentado só ser consultada nas decisões relacionadas à Câmara.

Apesar da insatisfação, Michelle não se opôs publicamente ao nome de Carlos e deve concentrar esforços em sua própria candidatura ao Senado pelo Distrito Federal em 2026.