
A renúncia de José Luis Espert à candidatura de deputado nacional pela província de Buenos Aires causou uma crise eleitoral significativa para o partido conservador A Liberdade Avança (LLA). A decisão foi tomada no domingo (5), apenas 21 dias antes das eleições legislativas, e se seguiu a uma série de pressões internas e externas.
Espert, que estava sendo acusado de vínculos com o empresário Fred Machado, preso por narcotráfico, deixou a chapa em um momento crítico para a campanha. Com a desistência de Espert, o ex-deputado Diego Santilli, apoiado pelo ex-presidente Mauricio Macri e confirmado por Javier Milei, assumirá a liderança da chapa.
A saída de Espert gerou uma série de complicações logísticas e financeiras, pois metade das cédulas de votação já haviam sido impressas com o nome do ex-candidato. Reimprimir as cédulas, com o nome de Santilli, seria um processo caro e demorado, estimado entre 7,5 bilhões e 15 bilhões de pesos (cerca de R$ 45 milhões a R$ 90 milhões), com um prazo quase impossível de ser cumprido, dado que a eleição ocorrerá em 20 dias.
A Justiça Eleitoral da Argentina já indicou que não há tempo suficiente para a reimpressão, o que pode resultar na presença do nome de Espert nas urnas, mesmo ele não sendo mais candidato.
Em resposta à renúncia, Milei rapidamente anunciou Santilli como substituto, e o novo candidato usou suas redes sociais para se posicionar. “Não vamos nos deixar levar pelas mesmas pessoas que governaram por 16 anos e levaram o país ao fracasso. (…) Vou dar tudo de mim para defender essa direção e deter aqueles que querem destruir o país”, afirmou Santilli no X, logo após a renúncia de Espert.

Além das complicações eleitorais, o episódio agravou ainda mais o desgaste político para o governo de Milei. O partido governista sofreu uma derrota nas recentes eleições de Buenos Aires, que representam 40% do eleitorado nacional, e agora espera conquistar cadeiras nas legislativas para fortalecer sua posição no Congresso.
A renúncia de Espert também está gerando discussões sobre possíveis sanções políticas, com opositores defendendo a destituição do deputado da Comissão de Orçamento e até sua expulsão da Câmara. O chefe de gabinete, Guillermo Francos, admitiu que o caso prejudicou a campanha governista, destacando que a falta de clareza na explicação inicial de Espert sobre os supostos vínculos com Machado contribuiu para a confusão e o desgaste.
No entanto, para Francos, não há razão para que Espert seja destituído de seu cargo na Câmara. “Não se pode afirmar que ele tenha vínculo com aquele julgamento. Houve pessoas processadas na Justiça que continuaram em seus cargos, como Máximo [Kirchner] e Cristina [Kirchner]”, explicou. A oposição, por sua vez, continua pressionando pela saída do deputado, visto como um peso para a imagem do governo.