Lula denuncia Israel por violar leis internacionais ao interceptar flotilha com brasileiros

Atualizado em 6 de outubro de 2025 às 20:39
O presidente Lula. Foto: Divulgação

O presidente Lula criticou Israel nesta segunda-feira (6), afirmando que o país violou as leis internacionais ao interceptar os integrantes da Flotilha Global Sumud, incluindo cidadãos brasileiros, fora de suas águas territoriais.

Ele publicou nas redes sociais: “E segue cometendo violações ao mantê-los detidos em seu país”. A flotilha, composta por barcos humanitários, levava alimentos, água potável e suprimentos médicos à população palestina em Gaza, e foi interceptada pelas forças navais israelenses em 2 de outubro.

Lula também destacou que determinou ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil que prestasse total auxílio para garantir a integridade dos brasileiros detidos.

“Desde a primeira hora, dei o comando ao nosso Ministério das Relações Exteriores para que preste todo o auxílio para garantir a integridade dos nossos compatriotas e use todas as ferramentas diplomáticas e legais, junto ao Estado de Israel, para que essa situação absurda se encerre o quanto antes e possibilite aos integrantes brasileiros da flotilha regressarem a nosso país em plena segurança”, afirmou o presidente.

A deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), que fazia parte da Flotilha, divulgou uma nota relatando as condições precárias enfrentadas pelos detidos. Segundo ela, os participantes da missão denunciaram o uso de violência psicológica, a falta de tratamento médico adequado e a negação de assistência jurídica durante audiências judiciais.

“Alguns, inclusive Luizianne, só receberam medicamentos após pressão diplomática”, afirmou a deputada, ressaltando ainda que as audiências judiciais ocorreram sem representação legal.

A situação dos brasileiros detidos em Israel, que permanecem na prisão de Ktzi’ot, no deserto de Negev, continua sendo acompanhada de perto pelo governo brasileiro. Ao menos quatro dos 13 brasileiros detidos estão em greve de fome em protesto contra as condições de encarceramento.

A Flotilha Global Sumud, que partiu de Barcelona em 31 de agosto, tinha como objetivo romper o bloqueio imposto por Israel a Gaza e levar ajuda humanitária ao povo palestino. O Ministério das Relações Exteriores tem trabalhado ativamente para garantir a libertação dos detidos, realizando visitas e utilizando canais diplomáticos com o governo israelense.

A chancelaria brasileira ainda não divulgou detalhes sobre as reuniões, mas fontes indicam que a equipe está focada em resolver a situação de forma urgente. No entanto, ainda não há uma previsão oficial de quando os brasileiros serão liberados ou deportados.

Israel, por sua vez, deportou mais de 170 ativistas da Flotilha para a Grécia e Eslováquia, incluindo a ativista climática Greta Thunberg. De acordo com autoridades israelenses, os deportados são cidadãos de diversas nacionalidades, incluindo Grécia, Itália, França, Irlanda, Suécia e outros países europeus, além dos Estados Unidos.

Israel afirmou que os deportados não sofreram abusos e negou as acusações de maus-tratos, alegando que todos os direitos legais dos participantes foram respeitados. A organização Adalah, que oferece assistência jurídica aos detidos, relatou abusos durante o período de detenção.

Os presos alegaram ter sido interrogados por pessoas não identificadas e forçados a remover objetos religiosos, como o hijab, além de relatarem serem algemados e vendados por longos períodos. A chancelaria israelense, no entanto, negou as acusações, chamando os ativistas de “provocadores da Flotilha Hamas-Sumud” e acusando-os de disseminarem “mentiras” como parte de uma campanha de notícias falsas.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.