A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) usou as redes sociais na última segunda-feira (6) para rebater uma mensagem preconceituosa publicada por Nikolas Ferreira (PL-MG), que atacou os moradores da Rua Novo Habitat, em Diadema (SP).
Na postagem, o bolsonarista afirmou que o local representaria a “decadência” do país e associou a aparência das moradias a uma suposta “falência de caráter, cultura e espírito”. “O Brasil não é pobre — é desordenado”, escreveu.
Tabata respondeu: “É difícil entender a realidade da periferia quando você nunca viveu de perto as dificuldades impostas pela pobreza. Dentro de cada casa ‘desordenada’, tem uma família que não desistiu de sonhar, como a minha, e merece respeito”, publicou a deputada em um post no X.
Em vídeo, a parlamentar complementou: “Eu queria trazer uma história para mostrar o quanto ele está errado e o quanto o preconceito emburrece as pessoas”, disse, ao relembrar sua infância na Vila Missionária, bairro da Zona Sul de São Paulo.
“Talvez por trás dessa ‘casa feia’ tenha uma transformação inteira acontecendo, de uma família que, com muita luta, está vencendo a pobreza e construindo a sua história”, acrescentou a deputada. “E essa é a força da nossa periferia.”
É difícil entender a realidade da periferia quando você nunca viveu de perto as dificuldades impostas pela pobreza. Dentro de cada casa “desordenada”, tem uma família que não desistiu de sonhar, como a minha, e merece respeito. pic.twitter.com/6HYSEBZOes
— Tabata Amaral (@tabataamaralsp) October 6, 2025
O ataque de Nikolas
O bolsonarista comparou as casas da rua a um cenário de “tijolo cru, gambiarras e caos”, em contraste com o que chamou de “casas prontas, pintadas e alinhadas”. A publicação viralizou, recebendo apoio de aliados da direita e críticas de internautas que consideraram o conteúdo um ataque às famílias de baixa renda.
Moradores classificaram as declarações como discriminatórias e afirmaram que o deputado ignora o esforço de quem vive na região. “Ninguém veio aqui ver como a gente vive, só falaram da aparência”, disse um dos habitantes. “São só comentários nas redes sociais, não dá para entender isso.”
A Rua Novo Habitat faz parte de um conjunto de áreas populares surgidas nas últimas duas décadas em Diadema, município marcado pelo rápido crescimento populacional e pelo déficit habitacional. Muitos moradores adquiriram os terrenos por meio de cooperativas ou programas de habitação social e relatam que obras básicas, como calçamento, drenagem e coleta de lixo, nunca foram concluídas pelo poder público.
O Brasil não é pobre – é desordenado. Você dá casa pronta, pintada, alinhada. Em poucos anos vira tijolo cru, gambiarras e caos. Não é economia: é caráter, cultura e espírito. Enquanto não entendermos que decadência começa dentro do homem: espírito adoecido que repele ordem e… pic.twitter.com/X77zXhKx3k
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) October 2, 2025