
O telefonema realizado na segunda-feira (6) entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump gerou novo impacto político na direita brasileira, que enfrenta indefinição em relação à candidatura para 2026. Enquanto Lula recupera popularidade e avança em pautas como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda esperam definição sobre o nome a concorrer ao Palácio do Planalto.
A interlocução com Trump, marcada por elogios mútuos e pelo planejamento de um encontro presencial, também trouxe repercussão negativa para o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), embora aliados minimizem o efeito.
Eduardo, que nos Estados Unidos articulou sanções econômicas contra o Brasil e se coloca como alternativa à Presidência, comentou a escolha de Marco Rubio para conduzir negociações com representantes do governo brasileiro.
“Achei ótima a escolha do presidente Trump. O secretário Marco Rubio é um latino, profundo conhecedor da América Latina. Ele conhece como ninguém as artimanhas da extrema-esquerda latina. Entende como funciona o aparelhamento do Poder Judiciário como instrumento de perseguição política. Não cairá na conversa mole do regime”, disse Eduardo à colunista do Globo Bela Megale. No entanto, as articulações de Eduardo não têm apoio da maior parte do Centrão, que busca unificação em torno de um nome da direita.

O cenário da oposição está dividido. Jair Bolsonaro indicou que poderia apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como candidato à Presidência, desde que a vice fosse Michelle Bolsonaro (PL). O senador Ciro Nogueira (PP) defende que Bolsonaro já escolheu seu candidato, destacando Tarcísio e Ratinho Júnior (PSD) como os únicos viáveis.
As repercussões dentro dos partidos, segundo o Globo, foram:
Partido Liberal (PL): Abriu espaço para uma eventual candidatura de Tarcísio de Freitas; enfrenta pressão da ala bolsonarista e mantém tensões internas com Eduardo Bolsonaro.
Progressistas (PP): Ciro Nogueira defende a candidatura de Tarcísio e critica a fragmentação da direita; acredita que Bolsonaro já decidiu seu candidato, considerando Tarcísio e Ratinho Júnior como viáveis.
Partido Social Democrático (PSD): Kassab mantém apoio a Tarcísio, mas avalia outros nomes do partido, como Ratinho Júnior e Eduardo Leite, como alternativas ao Planalto.
Republicanos: Marcos Pereira sinalizou apoio a Tarcísio e resiste às investidas do PL para filiação do governador, buscando compensações caso perca seu principal ativo eleitoral.
Altineu Côrtes (PL-RJ), vice-presidente da Câmara dos Deputados, afirmou que “esses impasses, essas divergências entre os nomes da direita, serão resolvidas em breve” e que a definição de chapa é necessária para evitar conflitos internos.
A conversa entre Lula e Trump, comemorada por aliados do governo, foi usada para ironizar o bolsonarismo, como postou a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ): “Lula conversou com Trump essa manhã pelo telefone. Alguém sabe se bananinha tá bem?”, acompanhando um vídeo do parlamentar chorando.