
Segundo a mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada hoje, 8 de outubro de 2025, a aprovação de Lula chegou a 48%, o que representa 8 pontos acima do que tinha em maio. Para visualizarmos o que significam esses percentuais, lembremos que o Brasil tem um eleitorado de 158,6 milhões de habitantes, segundo o TSE. Ou seja, esses 48% de aprovação representam 76,1 milhões de eleitores que aprovam o governo Lula. O petista foi eleito em 2022 com 60.345.999 votos.

A gíria carioca do título funciona em dois sentidos. Lula segue amplamente prestigiado entre os mais pobres, com 54% de apoio entre famílias com renda até 2 salários mínimos.
Entretanto, o fator mais negativo para o campo conservador é a formação de uma maioria social esmagadora em favor de uma tributação maior sobre os super-ricos, como forma de compensar uma política tributária mais generosa com os trabalhadores de renda média e baixa.
A pesquisa traz ainda uma outra derrota para a “playbozada”. Lula cresceu fortemente também nas camadas médias, justamente a base mais importante da direita. Entre quem ganha mais de 5 salários mínimos, o apoio a Lula avançou 8 pontos em apenas um mês, chegando a 45%, a maior marca em muito tempo, mostrando que até esse segmento tradicionalmente conservador está se cansando do autoritarismo decadente do bolsonarismo e começando a olhar as coisas boas que o governo Lula está fazendo.

O eleitorado brasileiro se divide em três grandes grupos, segundo a Quaest: 35% de esquerda, 35% de direita e 29% de centro. Considerando as margens de erro, temos aproximadamente um terço para cada agrupamento. Com Lula gabaritando na esquerda e com o caminho ainda bloqueado à direita, é no centro político que os horizontes se abrem para ampliar o apoio na sociedade.
A aprovação de Lula no grupo que se auto-identifica como “sem posicionamento” (que consideramos aqui como sendo centro) registrou um salto impressionante de 13 pontos desde maio e chega hoje a 46%.

A Quaest confirma o que outras pesquisas já vêm apontando — uma aproximação crescente entre os setores moderados e a esquerda em torno de temas fundamentais do debate político nacional, como a defesa da democracia, o respeito às instituições, a independência do Judiciário e a soberania nacional, que formam as bases ideológicas sobre as quais a frente ampla democrática deve se reorganizar em 2026.
A virada no Sudeste é igualmente notável. A aprovação de Lula na região, que concentra 43% dos eleitores do país, subiu 12 pontos desde maio, chegando a 44%. Este avanço, somado à manutenção do bastião no Nordeste, onde sua aprovação alcançou 62%, confere ao governo uma base de apoio nacionalmente mais equilibrada, diminuindo a dependência regional e aumentando sua capilaridade política.

A aprovação entre as mulheres aumentou 10 pontos desde maio, atingindo 52%. O prestígio de Lula entre o público feminino espelha uma tendência vista em outras democracias, como nos Estados Unidos, onde a rejeição às figuras de extrema-direita, como Donald Trump, é consistentemente maior entre elas. As mulheres se mostram bastião de progressismo, rechaçando, em sua maioria, o discurso de ódio e a violência política.

Mas a principal força de Lula está no apoio massivo de seus próprios eleitores. Entre os brasileiros que se autoidentificam como lulistas, grupo que representa 20% do eleitorado nacional (31,7 milhões de pessoas), e os que se declaram de esquerda não-lulista, equivalentes a 15% (23,8 milhões), a aprovação chega a 90% e 83%, respectivamente — uma coesão rara e impressionante no campo da esquerda.

A melhora na percepção econômica também impulsiona o governo. A expectativa de que a economia vai melhorar cresceu significativamente. O percentual de otimistas em relação à economia para os próximos 12 meses avançou 8 pontos desde julho. Hoje, são 43% dos eleitores que esperam que a economia deve melhorar nos próximos 12 meses, formando o grupo hegemônico na sociedade.
A aprovação da reforma do Imposto de Renda é esmagadora, com 79% a favor da isenção para quem ganha até R$ 5 mil e 64% concordando com a taxação dos mais ricos.


As manifestações de 21 de setembro foram percebidas pela maioria da sociedade como uma demonstração de força do governo. A pesquisa indica que lulistas e esquerda não-lulista receberam a mobilização com entusiasmo, e até no centro e na direita houve o reconhecimento de que os atos fortaleceram e consolidaram a frente ampla democrática.
A retomada das ruas pela esquerda representou um capítulo importante na história das lutas democráticas do povo brasileiro. A disposição popular de se manifestar contra a PEC da blindagem e a anistia aos golpistas rompeu, de certa forma, o tabu de que apenas a extrema-direita conseguia mobilizar as massas.

A direita bolsonarista, por sua vez, se vê acorrentada a pautas impopulares como a defesa incondicional da bandidagem golpista e o tarifaço de Donald Trump. O resultado é a sua crescente dificuldade de mobilizar ruas e redes. O fiasco da caminhada pela anistia em Brasília, neste 7 de outubro, é a prova mais recente desse esvaziamento.


A rejeição à anistia, na média nacional, chega a 47% da população, contra apenas 35% que são favoráveis, o que evidencia o fracasso da tentativa conservadora de normalizar o golpismo. A sociedade brasileira, marcada pelo trauma de 8 de janeiro, não está disposta a virar a página sem que os responsáveis sejam punidos. Conceder perdão seria abrir um precedente perigoso — a mensagem de que é possível atentar contra a democracia sem consequências.
Com a economia em recuperação e um consenso político crescente em torno de pautas essenciais, a pesquisa aponta para um cenário de consolidação do governo Lula e enfraquecimento da oposição mais radical. Se essa tendência se mantiver, o caminho para 2026 se mostra cada vez mais favorável ao presidente. A extrema-direita, sem propostas além da autoproteção de suas lideranças, fragmentada pela disputa interna e desconectada das demandas reais da sociedade, assiste impotente à própria desintegração.