
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou nesta quinta (9) o início de uma greve de fome em protesto contra sua possível extradição ao Brasil. Em carta enviada ao ministro da Justiça da Itália, Carlo Nordio, ela afirmou que só voltará a se alimentar se ele negar o pedido apresentado pelo governo brasileiro.
“Por ter a absoluta certeza que o senhor não tomou a melhor decisão, começo hoje uma greve de fome que só o senhor pode acabar, negando minha extradição, o que me colocará em liberdade, que é o correto”, escreveu a bolsonarista.
A decisão de Zambelli ocorre um dia após a Corte de Cassação, instância máxima da Justiça italiana, rejeitar o recurso da defesa que tentava converter sua prisão em regime fechado para domiciliar, alegando “fortes indícios de risco de fuga”. A parlamentar segue presa desde 29 de julho no presídio feminino de Rebibbia, em Roma.
Na carta, Zambelli alegou ser vítima de perseguição política e responsabilizou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por uma “decisão injusta e sem provas”.
No texto, ela ainda atacou e ameaçou Nordio. “Com esse consentimento seu em manter uma cidadã inocente na cadeia, o senhor está de mãos dadas com o próprio demônio e vai se sujar também?”, prosseguiu.
A deputada disse esperar que Nordio “não lave as mãos” e revogue a extradição. O procurador-geral da Justiça italiana deu parecer contrário ao recurso apresentado pelos advogados da deputada, o que praticamente selou sua permanência em prisão preventiva até o julgamento final.
O advogado italiano Giuseppe Bellomo, que representa Zambelli, disse à imprensa que mantém “certa esperança”, apesar do parecer negativo.

Zambelli fugiu para a Itália em junho, logo após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A Primeira Turma do STF entendeu que ela tentou “desestabilizar o funcionamento do Judiciário” e violou dados sigilosos.
A defesa de Zambelli tenta convencer o governo italiano de que a parlamentar é alvo de perseguição política, tese rejeitada pela Justiça até o momento. As cortes italianas têm reiterado que o processo de extradição corre dentro da normalidade e que não há indícios de motivação política na decisão brasileira.
Nos bastidores, aliados da deputada reconhecem que o cenário é desfavorável. Fontes próximas admitem que a extradição é “praticamente inevitável” e que as sucessivas derrotas nos tribunais italianos enfraqueceram a narrativa de perseguição. “Pelo menos no Judiciário ela não convence”, disse uma fonte ligada ao governo brasileiro.
A Corte de Cassação confirmou a decisão da Corte de Apelação de Roma, que já havia rejeitado os pedidos de liberdade provisória em agosto. A manutenção da prisão reforça a expectativa de que Zambelli permaneça detida até a conclusão do processo de extradição, que pode ser concluído nas próximas semanas.
Veja a carta de Zambelli na íntegra:




