
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu nota oficial, nesta quinta-feira (9), elogiando o cessar-fogo estabelecido entre Israel e Hamas. “O Brasil exorta as partes a cumprirem todos os termos do acordo”, diz a nota oficial. “O cessar-fogo deverá resultar em alívio efetivo para a população civil”, afirma outro trecho do documento.
O texto reconhece a importância dos diferentes atores envolvidos nas negociações. Além dos Estados Unidos, o Itamaraty cita Catar, Egito e Turquia, que atuaram como mediadores do acordo.
A nota destaca que o acordo deverá interromper os ataques israelenses contra Gaza, que “provocaram mais de 67 mil mortes — com grande número de mulheres e crianças entre as vítimas” e “o deslocamento forçado de quase dois milhões de moradores”, entre outros problemas humanitários.
A libertação dos reféns que seguem com o Hamas é outra consequência esperada pelo governo brasileiro. A expectativa é que eles sejam trocados por prisioneiros palestinos e que se criem as condições “para a imediata reconstrução de Gaza, com apoio da comunidade internacional”.
O documento finaliza com a defesa da solução de dois estados: “O Brasil reafirma a convicção de que uma paz justa, estável e duradoura no Oriente Médio passa pela implementação da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967”.

Hamas anuncia paz
Khalil Al-Hayya, membro da alta cúpula do Hamas, declarou nesta quinta-feira o fim da guerra com Israel. Ele afirmou também ter recebido garantias dos Estados Unidos e de mediadores de países árabes sobre um cessar-fogo permanente. Al-Hayya atuou como negociador-chefe do grupo nas conversas sobre o plano de paz proposto pelos Estados Unidos para a Faixa de Gaza. Em setembro, ele sobreviveu a um ataque de Israel contra alvos do Hamas no Catar.
A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque que resultou na morte de mais de 1.200 pessoas e no sequestro de outras 251. Desde então, mais de 60 mil palestinos morreram em Gaza, segundo dados de autoridades ligadas ao grupo. O anúncio do acordo de paz foi feito na quarta-feira (8).
Segundo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Israel e o Hamas concordaram com a implementação de uma primeira fase para o fim da guerra.
Até a última atualização desta reportagem, ministros do governo israelense estavam reunidos para discutir a aprovação oficial do acordo. Um porta-voz de Israel afirmou que o cessar-fogo começará em até 24 horas após a ratificação do tratado.
Um dos pontos cruciais exigidos por Israel para o avanço do acordo de paz é que o Hamas deixe o governo de Gaza e entregue as armas. Mais cedo, uma autoridade do grupo afirmou que “nenhum palestino aceita o desarmamento”.
Leia a nota do Itamaraty na íntegra:
O governo brasileiro saúda o anúncio de acordo entre Israel e o Hamas para novo cessar-fogo na Faixa de Gaza, no Estado da Palestina, por meio da implementação da primeira fase de plano para pôr fim ao conflito, transcorridos dois anos de seu início. Reconhece, nesse contexto, o importante papel desempenhado pelos Estados Unidos e valoriza a atuação dos demais países mediadores: Catar, Egito e Turquia.
O acordo, caso venha a ser efetivamente implementado, deverá interromper os ataques israelenses contra Gaza, os quais provocaram mais de 67 mil mortes – com grande número de mulheres e crianças entre as vítimas -, o deslocamento forçado de quase dois milhões de moradores e devastação sem precedentes, com a destruição de grande parte da infraestrutura civil do território. Deverá, ademais, garantir a libertação de todos os reféns remanescentes, em troca de prisioneiros palestinos, a entrada desimpedida de ajuda humanitária, e a retirada das tropas israelenses até linha acordada entre as partes, além de criar as condições para a imediata reconstrução de Gaza, com apoio da comunidade internacional.
O governo brasileiro ressalta a dimensão humanitária do acordo e enfatiza que o cessar-fogo deverá resultar em alívio efetivo para a população civil. Reitera a necessidade de assegurar acesso pleno, imediato, seguro e desimpedido da assistência humanitária e das equipes das Nações Unidas que atuam no terreno.
O Brasil exorta as partes a cumprirem todos os termos do acordo e a engajarem-se de boa-fé em negociações para assegurar a efetivação da retirada completa das forças israelenses de Gaza, o início do urgente processo de reconstrução da Faixa, sob coordenação e supervisão palestina, e a restauração da unidade político-geográfica da Palestina sob seu legítimo governo, em consonância com o direito inalienável de autodeterminação do povo palestino.
O Brasil reafirma a convicção de que uma paz justa, estável e duradoura no Oriente Médio passa pela implementação da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital.