
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu investigação para apurar denúncias de rachadinha no gabinete do vereador bolsonarista Adrilles Jorge (União Brasil). Ex-assessores afirmam que eram obrigados a devolver parte dos salários como condição para manter os cargos no gabinete do ex-BBB que sempre se vendeu como paladino da moralidade pública.
Segundo relatos, o valor mensal exigido seria de R$ 1.500, prática que, se confirmada, configura crime de peculato e improbidade administrativa. Um dos ex-funcionários do gabinete, que trabalhou por sete meses, contou à Record que recusou a proposta de repassar parte do salário.
Ele afirmou ter recebido a oferta diretamente do chefe de gabinete, Célio Rodrigues. “Quando ele me ofereceu o cargo, falou que era para eu fazer um pagamento todo mês de R$ 1.500. E aí eu não aceitei, e ele recuou”, disse o ex-assessor, que preferiu não se identificar.
De acordo com o depoimento, outros servidores teriam aceitado devolver parte dos vencimentos, o que teria transformado o esquema em uma rotina dentro do gabinete. O denunciante relatou ainda que, após recusar a proposta, passou a sofrer retaliações internas até pedir demissão.

A apuração deve incluir a quebra de sigilos bancário e fiscal de assessores, além da análise de folhas de pagamento e movimentações financeiras para verificar eventuais transferências irregulares. O MP-SP também deve ouvir testemunhas e atuais servidores do gabinete do vereador nos próximos dias.
Adrilles Jorge e seu partido, o União Brasil, ainda não se manifestaram oficialmente sobre o caso. O vereador, que ficou conhecido por participar do Big Brother Brasil em 2021, ganhou fama por declarações extremistas e aproximação com figuras do bolsonarismo.
Ex-comentarista da Jovem Pan, ele foi demitido em 2022 por fazer um gesto associado ao nazismo. A emissora afirmou, na ocasião, ser “contra a perseguição a qualquer grupo por questões étnicas, religiosas, raciais ou sexuais”.